Farras caras, muito caras.
Após um período de testes no Vasco da Gama, fui chamado pelo técnico Zezé Moreira para discutir o meu contrato:
-Quanto custa o teu passe, meu filho?
-25.000 cruzeiros!
-Só isso?
-Tá estipulado no contrato com o Paysandú, dono do meu passe.
-Você quer morar na concentração do Vasco?
-Não! Prefiro morar na pensão do Riachuelo, com os meus conterrâneos.
-O Vasco oferece 2.500 cruzeiros de luvas e 250 por mês por um ano de contrato. Tá bom pra você?
-Tá bom demais!
-Então vamos mandar comprar o teu passe. Passa na sede da Avenida Rio Branco para assinar o contrato.
-Seu Zezé, estou há um ano sem ir à minha casa. O senhor poderia me liberar uma semana para visitar a família e eu mesmo cuidar da compra do passe?
Em Brusque visitei amigos, curti a família, dei muitas entrevistas e voltei todo orgulhoso pro Rio.
Uma comitiva formada por quatro diretores do Paysandú seguiu rumo à cidade maravilhosa para receber a grana do passe.
Receberam e esbanjaram.
Ficaram hospedados num hotel luxuoso em Copacabana, curtiram as praias, Maracanã, Pão de Açúcar, Corcovado, Escolas de Samba e shows noturnos variados.
Muito variados.
Na volta - na reunião do acerto de contas com o clube - um dos quatro festeiros, Bilo, teve que completar do seu bolso o pouco que sobrou da grana recebida do Vasco.
Os três amigos tiveram que fazer um empréstimo para ressarcir o único abonado.
(1966)
7 comentários:
É, algumas coisas não mudam nunca no futebol... Bela história! Abraços.
Esse é o Valdir que conheço...
Belo conto, bela vida nos anos 60 no Vasco....ganhava e trabalhava pouco...né Valdir...o Andrada quase não deixava você jogar, e o Alemão de Brusque podia curtir bem o Rio de Janeiro.Valeu por mais essa história.
Um abraço Adalberto Day cientista social em Blumenau
Do menor ao maior clube do Brasil (sejam la' quem forem), o comportamento do cartola e' o mesmo, com raras excecoes.
Valdir, mais uma vez vou ser chato e cutucar voce. A dinheirama que rolou era em cruzeiros... mas voce escreveu reais. Quem dera, hem?
Grande abraco,
Mauro
Mauro,
Você tá certo. A prova é o cartaz de propaganda do jogo em Cataguases. 25 mil cruzeiros. Nem sei o que representa, deve ser pouco mesmo.
Abraço,
Valdir
Imagino o Rio... um verdadeiro seminário religioso! Recife era mais tranquilo, Valdir?
Roberto,
Qualquer dia te conto.
Meu Caro Valdir,
Me recordo de um jogo do Vasco - time misto - contra o Manufatora Mineira Esporte Clube, em minha terra - Cataguases-MG - (de onde vim para Juiz de Fora), em que você atuou e o Vasco venceu por 5 x 0.
Para seus arquivos e curiosidade vou lhe dar a ficha técnica completa desse jogo, registrado pelo jornal "Cataguases", de 12.06.66, dos meus arquivos.
Data: 05.06.66 (domingo)
Jogo: Manufatora-Mineira Esporte Clube 0 x 5 Vasco da Gama (1º tempo: Vasco 4 x 0)
Local: Estádio Manoel Inácio Peixoto (Cataguases-MG)
Juiz: Nivaldo do Santos (Federação Carioca de Futebol)
Auxiliares: Nelson Cardoso Lima e Maurício Pinto da Silva (Liga Esportiva de Cataguases)
Renda: Cr$ 2.300.000
Manufatora-Mineira: Caratinga (Moacir), Carlinhos (Wilson), Evandro (Onofre); Borão e Victor (Carlinhos); Felipe e Noinha (Chico Louro); Marino (Jorge), Cândido (Paulo Dias), Jorge (Noinha) e Leonidas (Tote).
Técnico: Nilo Gama
Vasco: Valdir (Carlos Alberto), Hipólito, Bolinha, Emílio e Pereira; Dias e Quincas (Edson); Okada, Aloísio (Elias), Paulo (Gabi) e Rodrigues.
Técnico: Ely do Amparo
Gols: Aloísio 30 seg, Okada 31 min, Paulo 36 min e Paulo 44 min (1º tempo); Elias 29 min (2º t).
Aos 35 min do 2º t, Aloísio perdeu um pênalte, defendido por Caratinga
Preliminar: Manufatora-Mineira E. C. (aspirantes) 2 x 0 E. C. Cataguases
Observação: O jornal grafou o seu nome com "W".
Abraços,
João Alberto
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