No Maracanã
Por Regina Carvalho
Fui passar umas férias com meu pai, que morava no Rio, e era torcedor do Fluminense, o pó-de-arroz. O ano era 1954, eu tinha oito aninhos.
Do roteiro que papai traçou para me mostrar o Rio, constavam Corcovado, Pão de Açúcar e Maracanã, é óbvio. O bondinho do Pão de Açúcar havia tido um acidente uns dias antes, e lá não fomos: papai não era muito amigo de riscos. Mas ao Maracanã fomos, num domingo à tarde, para um Fla x Flu amistoso.
O Flamengo era tricampeão, e eu obviamente torcia por ele. Ganhei, na entrada, carinhosa concessão paterna: flâmula do Mengo, que carreguei orgulhosamente para as arquibancadas... Bem para o meio da torcida pó-de-arroz, que carinho paterno tem limites.
Não havia muita gente no estádio, como costuma ser em amistosos. O Flamengo perdeu de 3 x 0. E a gozação dos torcedores a nosso redor foi tão intensa, que a flamulazinha foi sendo enrolada no suporte, pra que ninguém mais visse. As lágrimas me escorriam, menina cheia de vergonha, humilhação, raiva...
Mas de volta a Floripa, tinha já esquecido a vergonha, o episódio passara a ser engraçado. Durante anos, aquela flâmula habitou a parede do meu quarto, a me lembrar, principalmente, da imensidão do estádio e de papai.
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3 comentários:
Ficou lindo, gracia!
bj
Ocê merece. Obrigado pela crônica.
Bj
Valdir
Que emocionante a crônica da senhora Regina.
A tristeza dela no dia foi grande, rodeada de expextativa.Mas claro isso foi só um detalhe, e ela irá lembrar sempre, nem tudo que é negativo , será sempre ruim...para ela foi um momento magico de ver o Maracnã e um Fla x Flu.
Parabéns a ela e a você
Adalberto Day cientista social em Blumenau
www.adalbertoday@hotmail.com
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