Por Lucídio José de Oliveira
Juca Kfouri conta que, estando convalescendo de doença razoavelmente grave em Ilhéus, final dos anos 50, ficou impossibilitado de ver jogar o Fluminense logo mais à tarde, em amistoso na vizinha cidade de Itabuna, no interior baiano. O tio, na casa de quem estava repousando, pessoa influente na cidade e nos meios esportivos da região, tratou de amenizar as agruras do sobrinho. Resolveu levar até a sua casa alguns jogadores do Fluminense, para uma visita informal ao pequeno torcedor doente. Castilho, Telê Santana, Pinheiro, Escurinho. A glória para o menino, futuro jornalista. Jamais esqueceria esse dia radioso de sua vida.
Com Airton Pelim aconteceu coisa parecida. E eu vou contar como ele mesmo me contou, na recente visita que lhe fiz. Um bom par de horas de papo sobre futebol no bar de sua casa, na companhia do mano Lucilo em Tupã.
Airton é de Pirapozinho, cidade vizinha de Prudente. Quando menino, era comum viajar com o pai, tios, irmãos e primos, menos de 30 km, para ver os jogos dos grandes na próspera cidade do interior paulista. E isso era comum nos idos de 60, anos de ouro da Prudentina. Pelé, na ocasião, era a atração máxima. E Pelim, palmeirense roxo, tão roxo quanto verde continua sendo, não sabe o que Pelé tinha contra a Prudentina. Não sabia nem nunca soube.
Em nove jogos, de agosto de 1962 a outubro de 67, foram 23 gols, numa assombrosa média de 2,5 gols por jogo. “Que média de gols é essa?” - exclama Pelim. E olhe que a Prudentina não era um time qualquer. Tinha Rosan, no gol; na linha-média, Rubem Caitano, aquele mesmo que seria campeão pelo Náutico em 1964, e mais gente de primeira. Suinge, Lorico, Geraldão, Ademar Pantera, todos em início de carreira e no caminho do estrelato. Além do reforço que representava Rubens, o famoso “Dr. Rúbis” da torcida do Mengo dos anos 50.
Nem contra o Corinthians, o eterno rival do peixe, Pelé fez tanto. Apenas um gol por partida contra o timão: 50 jogos Santos x Corinthians, 50 gols de Pelé.
No domingo 31 de outubro de 1965, mais um Prudentina x Santos na vida de Pelim. Nesse dia, uma goleada, o Santos meteu cinco na Prudentina! Está nos anais. Foi nesse jogou que aconteceu a história parecida com a de Juca Kfouri. Um irmão mais novo de Airton era, contrariando a dominante tendência palestrina de toda a família Pelim, descendentes de italianos, torcedor fervoroso do Santos. Culpa de Pelé. O garoto passou a semana toda sonhando com o jogo do domingo. Na véspera, uma febre, tão alta quando inesperada, deixou o menino de cama. A mãe de tudo cuidou para deixar o filho santista em condições de estar presente a mais um show de Pelé em Presidente Prudente. Dipirona em gotas, compressas de álcool, banho de hora em hora. Somente no derradeiro instante, o menino melhorou. Mas aí, no estádio já não cabia mais ninguém. O prestígio da família, salvou porém o domingo do garoto. Um jeito foi dado para que ele, os irmãos e os primos, acompanhados de um tio influente, tal qual na história do Juca, tivessem acesso ao vestuário do Santos um pouco antes do início do jogo. E assim foi feito.
Pelé, deitado numa dessas cadeiras de piscina, deu a devida atenção à garotada. Nisso, Pelé sempre foi rei. Assinou autógrafos, sorriu para a molecada. A meninada foi depois acomodada num canto da arquibancada para assistir ao jogo na ponta dos pés. O estádio, lotado, não cabia mais ninguém. E não é que o jogo terminou Santos 5x2 Prudentina, todos os cinco gols da vitória santista da autoria dele, Pelé!? Airton não esquece.
Com Airton Pelim aconteceu coisa parecida. E eu vou contar como ele mesmo me contou, na recente visita que lhe fiz. Um bom par de horas de papo sobre futebol no bar de sua casa, na companhia do mano Lucilo em Tupã.
Airton é de Pirapozinho, cidade vizinha de Prudente. Quando menino, era comum viajar com o pai, tios, irmãos e primos, menos de 30 km, para ver os jogos dos grandes na próspera cidade do interior paulista. E isso era comum nos idos de 60, anos de ouro da Prudentina. Pelé, na ocasião, era a atração máxima. E Pelim, palmeirense roxo, tão roxo quanto verde continua sendo, não sabe o que Pelé tinha contra a Prudentina. Não sabia nem nunca soube.
Em nove jogos, de agosto de 1962 a outubro de 67, foram 23 gols, numa assombrosa média de 2,5 gols por jogo. “Que média de gols é essa?” - exclama Pelim. E olhe que a Prudentina não era um time qualquer. Tinha Rosan, no gol; na linha-média, Rubem Caitano, aquele mesmo que seria campeão pelo Náutico em 1964, e mais gente de primeira. Suinge, Lorico, Geraldão, Ademar Pantera, todos em início de carreira e no caminho do estrelato. Além do reforço que representava Rubens, o famoso “Dr. Rúbis” da torcida do Mengo dos anos 50.
Nem contra o Corinthians, o eterno rival do peixe, Pelé fez tanto. Apenas um gol por partida contra o timão: 50 jogos Santos x Corinthians, 50 gols de Pelé.
No domingo 31 de outubro de 1965, mais um Prudentina x Santos na vida de Pelim. Nesse dia, uma goleada, o Santos meteu cinco na Prudentina! Está nos anais. Foi nesse jogou que aconteceu a história parecida com a de Juca Kfouri. Um irmão mais novo de Airton era, contrariando a dominante tendência palestrina de toda a família Pelim, descendentes de italianos, torcedor fervoroso do Santos. Culpa de Pelé. O garoto passou a semana toda sonhando com o jogo do domingo. Na véspera, uma febre, tão alta quando inesperada, deixou o menino de cama. A mãe de tudo cuidou para deixar o filho santista em condições de estar presente a mais um show de Pelé em Presidente Prudente. Dipirona em gotas, compressas de álcool, banho de hora em hora. Somente no derradeiro instante, o menino melhorou. Mas aí, no estádio já não cabia mais ninguém. O prestígio da família, salvou porém o domingo do garoto. Um jeito foi dado para que ele, os irmãos e os primos, acompanhados de um tio influente, tal qual na história do Juca, tivessem acesso ao vestuário do Santos um pouco antes do início do jogo. E assim foi feito.
Pelé, deitado numa dessas cadeiras de piscina, deu a devida atenção à garotada. Nisso, Pelé sempre foi rei. Assinou autógrafos, sorriu para a molecada. A meninada foi depois acomodada num canto da arquibancada para assistir ao jogo na ponta dos pés. O estádio, lotado, não cabia mais ninguém. E não é que o jogo terminou Santos 5x2 Prudentina, todos os cinco gols da vitória santista da autoria dele, Pelé!? Airton não esquece.
E passou pra mim, agora repasso aos blogueiros, a relação dos confrontos Santos x Prudentina, anos 60.
O que diabo tinha mesmo Pelé contra a Prudentina de Pelim?
Santos x Prudentina – Jogos do Campeonato Paulista, anos 60.
05-08-62 – Santos 2 x 0 - Pelé fez 1.
15-12-62 – Santos 4 x 0 – Pelé fez 2.
18-09-63 – Santos 2 x 2 – Pelé Fez 1.
05-10-63 – Santos 4 x 0 - Pelé fez 3.
28 -10-64 – Santos 8 x 1 - Pelé fez 4.
15-08-65 - Santos 3 x 1 - Pelé fez 3.
31 -10-65 – Santos 5 x 2 – Pelé fez 5.
11-09-66 - Santos 3 x 1 - Pelé fez 2.
22-10-67 - Santos 3 x 1 - Pelé fez 2.
Foto: Pelim, Lucídio e Lucilo.
3 comentários:
Valdir
Essa história do Juca eu já tinha ouvido ele falar certo dia na TV. É impressionante sua visão de buscar relatos históricos que nos deixam sempre ansiosos a cada semana.
Agora ele receber jogadores importantes na época do Fluminense, realmente não é privilegio de qualquer um. E e o Pelé que arrasou com o timão do Juca, durante 10 anos...muitos gols , muitas histórias.
Parabéns meu nobre amigo Valdir.
Abraços
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.
Bota metro e... litros nisso! Mas a Prudentina não estava só! Meio mundo levou dúzias de gol do Rei!
Grande goleiro ( goleiraço) Valdir Appel. É uma honra estar no seu blog. Sem gente como você muitas das deliciosas histórias do futebol poderiam se perder. Essa foi uma das muitas que eu Lucilo e Lucidio lembramos entre cervejas e risos. Continue assim, meu amigo, contando um pouco das alegrias e tristezas que esse maravilhoso futebol do Brasil foi capaz de proporcionar. Qualquer dia nos encontraremos para um bate papo onde quem vai ganhar, certamente, serei eu pois sei o quanto você sabe e tem dentro das lembranças.
Um grande abraço.
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