Do início ao fim
Alguns momentos marcantes evidenciam o meu gosto pelo jornalismo e a comunicação escrita que, com certeza, deram origem a este contador de histórias.
O primeiro indício surgiu na minha juventude, aos 14 anos de idade, quando eu e o meu amigo Té lançamos em Brusque, um jornalzinho estudantil. Na verdade, duas folhas de papel grampeadas que nós, pretensiosamente, chamávamos de jornal. Criamos um veículo de comunicação escrito com segundas intenções: nos manter próximos das gurias da escola.
Tínhamos duas repórteres, cujos nomes mantínhamos em segredo. Elas escreviam e conspiravam em seus diários, que nos eram entregues na sexta-feira, quando promovíamos encontros e propositais desencontros entre os casais, através das duas páginas do nosso jornal. Isso nos tornava importantes e necessários, já que não tínhamos pedigree.
O jornal circulava aos sábados, entre os associados, em número próximo de 80. Rodávamos o pasquim na madrugada de sexta, no mimeógrafo emprestado por um amigo, depois de bater na máquina de escrever os textos. Os primeiros exemplares foram totalmente datilografados, usando o maior número possível de carbonos. Gastávamos um tempo enorme porque éramos catalógrafos.
Os recursos materiais, conseguíamos chantageando os garotos mais abonados. O preço de uma notinha insinuante no jornaleco, para a gata pretendida, custava (em tempos de promoção!), uma resma de papel, folhas de estêncil ou uns 20 carbonos, no mínimo. A recusa poderia ser desastrosa para o interessado.
Hoje, alguns estão aí, bem casadinhos e cheios de netos, graças ao Descobridor, que foi o grande promoter de encontros de casais dos anos 1960.
Té e eu costumávamos publicar letras de música, que faziam sucesso, para diversificar o jornal que só tinha fofocas e anúncio de eventos sociais da galera. Na edição numero 3, constatamos um mico, não detectado pela rapaziada: publicamos o que parecia ser o original da letra em japonês de um sucesso da época, com o nome de Sukiaky. A letra na verdade, eram dados biográficos do cantor, que eu extraí de uma revista. O engraçado é que sugeríamos aos colegas que cantassem os versos, enquanto ensaiávamos um corinho no ritmo da música.
Fica evidente que o humor que rebusco nas histórias dos meus personagens, já me acompanhava como protagonista.
O jornal era um trunfo, que mantinha Té e eu requisitados para festas. O outro trunfo eram minhas bolachas de vinil, que eu comprava aos montes. Eu era o DJ de vitrola, e sem falsa modéstia, o primeiro convidado das festas – sem interesse, é claro! – desde que levasse a discoteca.
Depois de passar no Vestibular, circulei pelos corredores da Faculdade de Comunicação do Ceub, de Brasília, farejando notícias do lado de fora da sala de aula. Entrei poucas vezes. Tenho absoluta certeza de que nenhum professor lembra de mim porque eu também não lembro de nenhum deles.
Quando abandonei o futebol, tive nova oportunidade de exercitar meu frustrado lado de jornalista, ao ser contratado pela Associação Goiana de Supermercados como secretário executivo. Um dos desafios, foi criar o jornal da entidade, que fez sucesso entre os associados. No jornal, fiz de tudo: diagramação, redação, fotografia e venda de espaços publicitários.
Sorte minha ter guardado tantos recortes de jornais e fotos, para manter a memória arejada e poder contar algumas passagens interessantes. Por exemplo: do tempo em que a ida do homem à Lua ocupou o noticiário diário da mídia, e deu asas às mentes férteis de todos nós. (Principalmente porque ninguém acreditava que os russos e os americanos tivessem ido ate lá).
No dia 19 de novembro de 1969, o povo brasileiro preferiu festejar o milésimo gol de Pelé a dar bola para a descida de mais dois americanos no Mar das Tempestades. Ninguém estava olhando para cima. O astro estava aqui embaixo, dedicando o seu recorde às criancinhas pobres e aos amantes do futebol-arte. E eu, estava no Maracanã, quase na boca do gol!
Alguns momentos marcantes evidenciam o meu gosto pelo jornalismo e a comunicação escrita que, com certeza, deram origem a este contador de histórias.
O primeiro indício surgiu na minha juventude, aos 14 anos de idade, quando eu e o meu amigo Té lançamos em Brusque, um jornalzinho estudantil. Na verdade, duas folhas de papel grampeadas que nós, pretensiosamente, chamávamos de jornal. Criamos um veículo de comunicação escrito com segundas intenções: nos manter próximos das gurias da escola.
Tínhamos duas repórteres, cujos nomes mantínhamos em segredo. Elas escreviam e conspiravam em seus diários, que nos eram entregues na sexta-feira, quando promovíamos encontros e propositais desencontros entre os casais, através das duas páginas do nosso jornal. Isso nos tornava importantes e necessários, já que não tínhamos pedigree.
O jornal circulava aos sábados, entre os associados, em número próximo de 80. Rodávamos o pasquim na madrugada de sexta, no mimeógrafo emprestado por um amigo, depois de bater na máquina de escrever os textos. Os primeiros exemplares foram totalmente datilografados, usando o maior número possível de carbonos. Gastávamos um tempo enorme porque éramos catalógrafos.
Os recursos materiais, conseguíamos chantageando os garotos mais abonados. O preço de uma notinha insinuante no jornaleco, para a gata pretendida, custava (em tempos de promoção!), uma resma de papel, folhas de estêncil ou uns 20 carbonos, no mínimo. A recusa poderia ser desastrosa para o interessado.
Hoje, alguns estão aí, bem casadinhos e cheios de netos, graças ao Descobridor, que foi o grande promoter de encontros de casais dos anos 1960.
Té e eu costumávamos publicar letras de música, que faziam sucesso, para diversificar o jornal que só tinha fofocas e anúncio de eventos sociais da galera. Na edição numero 3, constatamos um mico, não detectado pela rapaziada: publicamos o que parecia ser o original da letra em japonês de um sucesso da época, com o nome de Sukiaky. A letra na verdade, eram dados biográficos do cantor, que eu extraí de uma revista. O engraçado é que sugeríamos aos colegas que cantassem os versos, enquanto ensaiávamos um corinho no ritmo da música.
Fica evidente que o humor que rebusco nas histórias dos meus personagens, já me acompanhava como protagonista.
O jornal era um trunfo, que mantinha Té e eu requisitados para festas. O outro trunfo eram minhas bolachas de vinil, que eu comprava aos montes. Eu era o DJ de vitrola, e sem falsa modéstia, o primeiro convidado das festas – sem interesse, é claro! – desde que levasse a discoteca.
Depois de passar no Vestibular, circulei pelos corredores da Faculdade de Comunicação do Ceub, de Brasília, farejando notícias do lado de fora da sala de aula. Entrei poucas vezes. Tenho absoluta certeza de que nenhum professor lembra de mim porque eu também não lembro de nenhum deles.
Quando abandonei o futebol, tive nova oportunidade de exercitar meu frustrado lado de jornalista, ao ser contratado pela Associação Goiana de Supermercados como secretário executivo. Um dos desafios, foi criar o jornal da entidade, que fez sucesso entre os associados. No jornal, fiz de tudo: diagramação, redação, fotografia e venda de espaços publicitários.
Sorte minha ter guardado tantos recortes de jornais e fotos, para manter a memória arejada e poder contar algumas passagens interessantes. Por exemplo: do tempo em que a ida do homem à Lua ocupou o noticiário diário da mídia, e deu asas às mentes férteis de todos nós. (Principalmente porque ninguém acreditava que os russos e os americanos tivessem ido ate lá).
No dia 19 de novembro de 1969, o povo brasileiro preferiu festejar o milésimo gol de Pelé a dar bola para a descida de mais dois americanos no Mar das Tempestades. Ninguém estava olhando para cima. O astro estava aqui embaixo, dedicando o seu recorde às criancinhas pobres e aos amantes do futebol-arte. E eu, estava no Maracanã, quase na boca do gol!
9 comentários:
Valdir
“O Contador de Histórias”
Eu não sabia dessa sua vocação. Aliais muito boa sua postura perante a comunidade, em seus textos e contos sempre muito bem elaborados.
Os jornais estudantis é quase sempre o início de todos, inclusive o meu e até depois como professor, ajudei a montar o Jornal O Pindorama.
Parabéns mais uma vez, por nos revelar este lado jornalístico de sua infância e após deixar o Futebol.
Abraços
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.
Valdir, essa edição está muito boa. Parabéns
Valdir, amigo, notei o reparo no nome do "Jajá de Barra Mansa".
Um abração, do Carlinhos.
Caro Valdir,
Boa tarde.
Td bem ?
Sigo, como sempre, acompanhando seu sempre recheado blog, que e do meu mais alto interesse.
Coluna Visao de Radar voltou ao www.papoesportivo.com
Grande abraco,
Fabio.
PARABÉNS,MAIS UMA VEZ, AMIGO. O BLOG ESTÁ D++++++++++ ABRAÇÃO
Leví Lafetá
Escritor,Jornalista,Radialista,
Poderia o amigo informar que fim levou o PINGA?
Dilton
valdir, velho, essa do milésimo que ia sobrar pra ti, tá boa.
tô matutando.
abs
wilson
----- Original
Valdir,
Passados 40 anos, bem pensando e repensando a coisa, vc gostaria de ter estado no lugar do Andrada naquele 19 de novembro?
Abração.
Saudações vascaínas.
PS: tá uma catinga de Urubu no mundo insuportável!!!!!!!!!! Éeeeeeeeeeeeeegua.rsrsrsrsrsrsr
Amigo Valdir
Muito bom, como sempre, o Na Boca do Gol.
Interessante a historia do "jornalista" de stencil. Também produzi um jornalzinho desse, na terceira ou quarta série,
do primeiro grau. Eu fazia o "Editorial". Era muito maneiro. Bons tempos. Outra boa lembrança é aquele time do
Voltaço, com Fred, Acilino, Jorge Cuica, Mauro, Espanta Neném e tantos outros amigos.
Valeu amigo
Grande abraço
Iata Anderson
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