Sei não.
Lanço um olhar contemplativo para o computador. Tá nem aí pra mim. Ou eu pra ele.
O ano já tá no seu décimo dia e a inspiração, para escrever uma nova crônica, nem tchã.
Falta transpiração, isso sim.
Será a idade, empacando a memória? Ou a fonte secou?
Na verdade, minha fonte está aqui, bem atrás de mim, numa prateleira desorganizada, abarrotada de jornais velhos, fotos antigas e livros sobre futebol.
Olho de soslaio – soslaio não parece um drible do Neymar? - e não me atrevo a rebuscar o passado.
Rebuscar, eita palavrinha medonha.
Sei lá, Ano Novo, maiúsculo, o passado mais distante, indolência.
Joelho pensando em artroscopia. Óculos novos pra limpar a paisagem embaçada.
Tô velho e mal passado.
Mas é você Que ama o passado E que não vê (Belchior)
O blog está ficando chato. Exige atualização e o blogueiro está sem tesão. Contenho-me para não deleta-lo.
O blog.
Chega um e-mail de um torcedor emocionado, pelas doces lembranças Na boca do gol.
Identificou o seu pai numa foto, e agora tem como provar para os netos que o vovô foi um grande jogador de futebol no passado.
Passado de brasileiro que é igual a computador de português, que não tem memória, tem vagas lembranças.
Sacanagem, ó pá!
Aí eu me rendo nostálgico, e dou mais uma sobrevida ao blog.
Ainda bem que aqui na terra não estão jogando futebol. Futebol no Natal e no Ano Novo, só para inglês ver, e pra quem tem TV a cabo.
O futebol destas plagas é feito de disse me disse e de quem chegou primeiro, ou pagou mais.
Vai do gordo ao magro com o mesmo nome e o sem futebol de cada um.
Os jogadores para justificar a pré-temporada, na volta das férias, estão praticando suas peladas, na grama e na cama, e nas baladas enxugando garrafas-rade e contorcendo o corpo ao ritmo do axé.
Pois é.
2 comentários:
a crônica que nasce da falta de assunto para a crônica.
mó legal, valdir!
e o teu vasco, rapá! reage, reage!
abração.
Sei Sim
A crônica surge desta maneira Valdir, quanto menos se espera lá vem belos assuntos de quem já viu tantas coisas por esse nosso Brasil - de todos os rincões de todos os cantos do futebol bretão.
Para quem é eterno como lenda de nosso futebol, jamais faltará assunto para contar para seus netos parentes, ou para netos de outro s esportistas. A prateleira desorganizada, só diz uma coisa, ela existe e se ela existe é porque está a espera que alguém a utiliza e transcreva seus dados, pois ela repousa..mas reina como uma majestade ao contemplá-la e ao transcrevê-la.
Medonha, rima com a pamonha e medonho são aqueles que não a provaram...sempre sentiremos o gosto pela leitura se não nos entregarmos aos ostracismo.
Chiquinho velho só o passado, mas mesmo assim ele é deslumbrante 0 velho só o barreiro, e quem sabe uma "51" que nos alegra nos confins de nossa existência. Sim o esporte, o futebol é que nem uma cachaça, que ao bicarmos, a alma incendeia, e o coração amolece. Falei coração...de alguém que em seu blog nos traduz um passado de tantas glórias e que emociona a galera. O Blog jamais ficará chato - ele não sente, não reclama - só quem reclama é quem o delicia ao abrir a página e ver uma crônica tão bela. Chato é o chato que não gosta de chato.
Imagina esse torcedor fiel que identificou seu pai em uma foto? eu já passei por isso quando postei sobre o jogador Arlindo Eing em meu blog...ele dizia: "agora sim meus netos irão acreditar em mim" ele havia perdido tudo que tinha de recordação como jogador em uma enchente e eu o enchi de novo.
E quando escrevi uma crônica sobre o "Meyer", sua filha Karol Meyer Recorde mundial de apnéia (World Record Apnea ...que é a campeão brasileira de apnéia, sul americana....pode realmente ter certeza da qualidade futebolística de seu pai, que quando contava, assim o fazia com muita simplicidade.
Avante grande amigo Valdir o Chiquinho - estamos sempre esperando por você a nos contar histórias mil....
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau
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