segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


Dona Maria do Carmo Carneiro de Melo, a maior fã de Bagadão
 Por Edmo Sinedino

Dona Maria do Carmo, a fã de Bagadão, e seu neto, Rubens Lemos Filho
Perguntem a “dona” Maria do Carmo Carneiro de Melo quem foi o maior craque de futebol do RN em todos os tempos.

Você vai se surpreender.

Funcionária pública exemplar, professora da antiga e saudosa Escola Normal, torcedora do Fluminense, quer dizer, ex, americana sempre, ela vai dizer que o maior jogador de nossa terra foi Bagadão.

Isso mesmo. Bagadão.

Nem Hélcio, Pancinha, Véscio ou Saquinho. Bagadão era seu craque preferido.

Certo dia, e lá se vão mais de 35 anos (outubro de 1975), “dona” Maria do Carmo acompanhava o jogo do Campeonato Nacional pela tevê Cultura.

O duelo era Fluminense x América.

Seus dois clubes do coração.

O América perdia, tomava um baile de um time que tinha ninguém menos que Rivelino, Paulo César Caju e Mário Sérgio.

E coadjuvantes como Toninho Baiano, Marco Antônio e Cafuringa, entre outros.

O América era formado por Ubirajara, Ivan, Oscar, Mário Braga e Cosme; Zeca, Edinho, Paúra e Hélcio; Reinaldo e Pedrada.

Um timão.

Lá pelas tantas, segundo tempo, o América já perdia de 3 a 0, e entra Bagadão no lugar de Paúra.

O narrador, só me lembro que era conhecido por “Bola”, começa a fazer troça com o nosso Bagada.

“De onde tiraram esse jogador?”

“Isso lá é nome que se coloque em alguém”?

“Onde foram arranjar esse apelido ridículo”?

Dizia ele a cada intervalo de narração sorridente e zombeteiro.

E a partida segue. O América tinha um elenco de respeito, mas, convenhamos, não era páreo para o tricolor.

E de novo o narrador, o tal do “Bola” tirando sarro com Bagadão.

Nosso herói, com o jogo paralisado, põe as mãos na cintura.

“Olha só o Bagadão gente, parece um açucareiro com as mãos nas cadeiras. Acho que ele entrou para ver o Flu jogar”.

Mais zombaria.

E foi deitando lenha no pobre Bagadão inocente que não sabia ser alvo da sanha discriminatória do homem da tevê.

Em casa, diante da tevê, “dona” Maria do Carmo Carneiro de Melo indignada com a safadeza do camarada.

Ela, que nunca tinha ido ao estádio Castelão ver seu América, só escutava pelo rádio e via os jogos pela TVU, foi se indignando cada vez mais.

O América perdeu de 3 a 0.

Desse dia em diante, disse "dona" maria do Carmo, deixou de torcer pelo Fluminense.

Mas no outro dia, na repartição pública que trabalhava “dona” Maria do Carmo Carneiro de Melo desancava o “Bola” e exigia que se tomasse uma atitude contra a falta de respeito com o seu craque Bagadão e com o futebol do RN.

A partir daquele jogo, Bagadão passou a ser o ídolo maior da professora.

E ela não ficou só nas palavras. Aliás, foi às palavras.

Pegou de um lápis e com sua caligrafia impecável de professora da Escola Normal, professora de verdade, escreveu uma carta ao jovem deputado Henrique Alves.

“Dona” Maria do Carmo Carneiro de Melo exigia, exigia uma retratação, um pedido de desculpas do narrador ao ‘craque’ Bagadão.

O jovem deputado leu a carta em plenário. Comoveu o RN com a veemência, paixão e ardor das palavras da torcedora.

A carta arrancou elogios do poeta, cronista, comentarista esportivo Rubens Lemos, seu genro.

“Bagadão nunca recebeu uma defesa tão lúdica”, disse ele emocionado

A carta conseguiu o objetivo. A direção da emissora obrigou o “Bola” pedir desculpas no ar.

Bagadão se tornou símbolo, por um bom tempo, da reconquista do respeito ao futebol de nosso Estado.

“Dona” Maria do Carmo Carneiro de Melo, hoje, aos 91 anos, está internada da UTI de um Hospital, lutando bravamente, como sempre fez em vida.

Essa potiguar de valor, que tanto orgulho nos dá, vocês concordam, merece que seja feita uma corrente de orações pelo seu restabelecimento.

Ainda precisamos demais de quem nos defenda das sanha de discriminadores, e da fraqueza de fracos potiguares.

“Dona” Maria do Carmo Carneiro de Melo é avó de meu amigo Rubens Lemos Filho.

Dedico aos dois, vó e neto, unidos pelo momento de sofrimento imenso, essa homenagem simples.

http://www.nominuto.com/blog/no-ataque/
(enviado por Adriano Aranha Freire, por e-mail)

2 comentários:

Regina Carvalho disse...

Sim, faremos a corrente, pedindo que haja outras/outros como ela,para defender todos os Bagadões que sofram desrespeito.bj

Ricardo Antônio disse...

Valdir, boa noite!
Tô passando para ver teus ótimos posts e desejar um Feliz 2011!!! Saúde e Paz!!! E que nosso Vasco conquiste uma Taça! Abração, Ricardo Antônio