O craque que calou o Maracanã
Por Victor Kingma
13 de maio de 1959. Para comemorar o inédito título de campeão mundial, que havia conquistado no ano anterior, a Seleção Brasileira realiza um amistoso no Maracanã contra a Inglaterra, exatamente o único adversário que não tinha vencido na memorável conquista na Suécia (o jogo terminou empatado em 0 x 0).
Um clima de grande expectativa antecedeu á partida, com repercussão na imprensa de todo o país.
Entretanto, assim que o locutor do estádio anunciou a escalação do Brasil, com Julinho do Palmeiras na ponta direita, no lugar de Garrincha, o grande ídolo da torcida Brasileira, ao lado de Pelé, ouviu-se o maior coro de vaias da histórias do futebol (estima-se em mais de 100 mil torcedores ).
Mas Julinho, com a fidalguia que sempre o acompanhou por toda a carreira, não se abateu e, consolado pelo técnico Vicente Feola, apenas respondeu: - Vou jogar bem!
E bastaram apenas 2 minutos de jogo para o estádio emudecer: Julinho recebe a bola na ponta direita, se livra espetacularmente de dois zagueiros e marca um golaço, vencendo a quase intransponível defesa inglesa. Aos 15 minutos, em nova jogada sensacional, dá a bola açucarada para o centroavante Henrique do Flamengo fazer 2 x 0.
E durante todo o jogo, foi uma sucessão de jogadas brilhantes. Após os 90 minutos, todos os torcedores presentes ao Maracanã se renderam à classe e a determinação do craque, e as vaias iniciais se transformaram em calorosos aplausos.
Julinho Botelho, um dos maiores pontas direita da história do futebol, ídolo das torcidas da Portuguesa de Desportos, Fiorentina da Itália, onde era adorado, e Palmeiras, além de brilhar também na Seleção Brasileira, faleceu em São Paulo, em 11 de janeiro de 2003, aos 73 anos .
Victor Kingma
Obs: Ataque da seleção na partida Brasil 2 x 0 Inglaterra; Garrincha, Didi, Henrique, Pelé e Canhoteiro
3 comentários:
Valdir,
Esse jogo para mim é inesquecível. Assisti pela TV. Quando a Seleção entra em campo, Julinho tropeça um dos degraus. Após o seu belo gol aos 2 minutos, ele provocou também um arrependimento recorde de 100 mil pessoas, que passaram a aplaudí-lo.
Para mim, Júlio Botelho foi o maior ponta direita 'normal' de sua época. Garricha era algo extra.
Valdir
13 de maio é o dia da tal abolição dos escravos no Brasil. E foi neste dia que este extraordinário jogador de categoria refinada, chamado Valdir, que também foi o autor do primeiro gol no maior estádio do mundo. A comemoração não podia ser melhor, o grande craque da copa de 1958, o nosso queridíssimo "Didi" da folha seca, e contra a Inglaterra mostrar mais uma vez toda sua arte futebolística.
Porém a torcida estava voltada para os dois principais jogadores, o espetacular Garrincha e o rei Pelé aparecendo para o mundo.
E veio a primeira decepção, na escalação não estava o Mané, mas sim o Botelho. Mas que Botelho? ele sim o não menos grande Julinho, um ponta direita da Portuguesa, de desportos, Palmeiras que havia jogado na Itália, cala e aos mesmo tempo é ovacionado, em delírio pelos torcedores com merecimentos. Sua habilidade e elegância, acrescentada a sua capacidade de visão de jogo, o consagra definitivamente como um dos maiores ponta do Brasil
Parabéns ao Victor Kingma pelo belo relato e a você Valdir pela postagem
Mas a observação na escalação inicial seria Julinho no lugar de Garrincha.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história
Valdir
Eu já havia feito um comentário nesta postagem maravilhosa do Victor., se referindo ao grande Julinho Botelho. Porém como aconteceu aí, aqui tambbém ocorreu. Deu problema nos blogs e retirou todos os comentários. pena...mas faz parte. Julinho realmente foi um grande ponta direita, e além disso grande carater. Garrrincha e Pelé não conta....são de outro mundo como diz o Pepe, que segundo ele , o maior artilheiro do Santos é ele, pois Pelé não conta. Então tamb´´em acontece com o Julinho, ele foi o maior ponta direita do Brasil, pois Garrincha não conta. Uma bela postagem, com um belo jogador que merece todo nosso respeito e carinho.
Abraços
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história. Blumenau
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