ZOFF, 70
Por ROBERTO VIEIRA 
Oscar sobe e cabeceia no canto.
Gol do Brasil!
Guerra.
A Velha Bota.
As promessas do Duce.
Mario e Ana esqueceram por um momento da guerra.
Dino chegou naquela fria manhã de 28 fevereiro de 1942.
A pequena cidade de Mariano del Friulli faz festa.
Crianças em uma cidade com mil habitantes sempre são motivo de festa.
O velho goleiro calça as luvas.
Sócrates e Zico.
Falcão.
Guerra.
A Velha Bota não acredita no velho goleiro.
Zoff está acabado.
O cinema e a primeira namorada.
De repente, o pesadelo.
Todos os gols da Fiorentina contra a Udinese.
A estréia de Zoff na Série A.
A namorada dá uma risada.
Zoff fecha a cara e afunda na cadeira.
Zico se livra da marcação.
O Doutor entra e finge cruzar.
O chute sai seco. No canto.
Gol do Brasil.
Albertosi era um galã de cinema.
A Copa de 70 foi o banco de reservas.
Mas Zoff era jovem.
E foi melhor não pegar Pelé e Carlos Alberto pela frente.
Depois de 70?
Zoff passou anos sem tomar um gol na Azzurra.
E foi tomar logo um gol do Haiti.
Zoff passou a acreditar em vudu.
Paolo Rossi marcara mais um gol.
Falcão domina a pelota.
Não deixa ele chutar.
O petardo de esquerda vai no canto.
Zoff vê o sonho escapando mais uma vez.
“Já não basta o Nelinho!”
Zoff enxerga os olhos de Ana.
A mãe diz adeus na noite da pequena cidade.
Não existe guerra.
Não existe mais a criança.
Mario já não há.
Resta apenas Dino e a despedida sem glória.
O chute de Nelinho na memória.
Oscar sobe e cabeceia no canto.
Gol do Brasil!
Mas esperem, tifosi!
A bola está sobre a linha nas mãos de Zoff.
O capitão italiano salva a seleção.
Rossi é o herói.
Zoff ergue a taça na Espanha. Cervantes.
Sem Rocinante.
Sem Dulcinéia.
Um velho senhor da guerra.
Aos 40 anos de idade.
Zoff é a criança de Mariano del Friulli.
Zoff chega ao pequeno cemitério:
Mandi, Mama, Papa!
E deixa um pequeno embrulho no túmulo dos pais.
Um par de velhas e surradas luvas.
Luvas que venceram uma guerra...
Um comentário:
Grande Zoff, aqui em texto pelo Vieira.
Será que foi o Zoff que atrapalhou nossa vida nessa copa, ou foi o Paoolo Rossi - ou será que foi o Cerezo? ou então ingenuamente o Grande Júnior? ou aquele gol anulado...só falta por a culpa no Falcão....o Fato já aconteceu, nada mais mudará essa terrvél história que nosso futebol que encantou o mundo em 1982 - nem sempre ser campeão é tudo, ou é? sei lá.
Mas o fato é que encantamos o mundo e isso nunca será esquecido.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.
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