quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Meu amigo Valdir:

Não dá para esconder que tive uma baita surpresa como o seu excelente “Goleiro Acorrentado”. Esperava apenas mais “causos”, campo em que você se tem revelado craque de primeira, de time digno de figurar no G4 de qualquer série. Time que há tempo conta com o amigo Lenivaldo, com Victor Kingma, de Minas Gerais, e outros feras mais. E que o tem como goleiro titular sem concorrente desde o lançamento de “Na Boca do Gol”.

A surpresa veio pelo tom autobiográfico da narrativa. Não esperava.O livro flui na busca do tempo que passou, em sua longa caminhada de sua querida Brusque ao palco iluminado do Maracanã e daí para o resto desse imenso Brasil. E o melhor é que nessa caminhada, como leitor, me sinto um privilegiado. Você está contando histórias que eu “presenciei” como apaixonado do futebol. Pelos jornais, pelo rádio, pelas revistas esportivas. Algumas delas ao vivo, dos degraus da arquibancada. Como a aventura de Ely do Amparo, com uma bandagem tinta de sangue envolvendo a cabeça e se fazendo herói em gramados pernambucanas em jogo épico contra o meu time. Eu estava presente naquele domingo distante de 1955 nos Aflitos. O Presidente Vargas em Fortaleza, botando gente pela boca do balão e fervendo... É preciso ter estado lá para entender o que é a torcida do Vovô lotando o PV. Samarone, Zezé Moreira, Rivelino, o tiro de meta de Manga fazendo tabela na nuca do russo, a bola voltando para o gol em pleno Maracanã lotado. A TV mostrando para todo o Brasil o azar de Manga com a camisa da Seleção. São histórias, são lembranças. Tanta história que vivi e que você narra tão bem e que me faz voltar no tempo com a alma doendo de saudade.

Mas nada que supere o comovente tom confessional que está nas lembranças de Brusque. As histórias e os perfis de sua gente, a recordação dos Appel, dentro ou fora de campo. A presença do “velho” Herbert em sua companhia no Maracanã, para aplaudir Sepp Mayer (“Isso sim é que é goleiro!”), ou sem aviso prévio em São Januário, para ver o filho estrear com a camisa do Vasco no maior do Mundo.

Uma beleza de livro, Valdir. Parabéns. Bastava você ter escrito o curto capítulo “Menor que meu sonho/não posso ser”, evocando a lembrança da promessa feita à sua mãe, para justificar a publicação do livro. Livro para quem ama o futebol.

Um grande abraço do amigo,


Lucídio José de Oliveira

Nascido em Bonito-PE, diplomado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Recife, é autor de O Náutico - a bola e as lembranças, Memória em nome do pai, Abdon Jordão - notas biográficas, Paixão e Fidelidade e co-autor de O clássico dos Clássicos.


4 comentários:

Saulo Adami disse...

Bom dia, goleirão!

Tem dias em que a gente abre a caixa de e-mails e só se aborrece... É tanta gente mandando mensagem idiota, sem utilidade, de mau gosto, malhando políticos ou dizendo o que nós "temos" ou "não temos" que fazer...

E quando a gente abre um blog como o teu, onde encontramos palavras apaixonadas de um camarada chamado Lucídio José de Oliveira, chega a conclusão de que nem tudo está perdido. E, principalmente, de que nossos sonhos valeram a pena ser sonhados, que todas aquelas horas que um escritor ou um editor dedicou à preparação de um livro foram horas de iluminação, de inspiração, de fé.

E é com esta fé e com esta inspiração que me ajudasses a começar este dia que, a exemplo de todos os demais de minha vida, até aqui, será um dia dedicado à escrita.

Deus te abençoe!

Saulo Adami
Escritor

Adalberto Day disse...

Valdir
A surpresa é de todos nós. O Livro realmente é fantástico, com narrativas espetaculares.
Quando alguém adentra nossa residência para pesquisas, principalmente sobre Futebol, lá estou mostrando dentre tantos que possuo as tuas duas publicações.
O senhor Lúcido, de tão longe de nós, mas próximo ao coração, revela em seu comentário toda sensibilidade pelo livro "Goleiro Acorrentado", e suas narrativas. Ele diz tudo aquilo que também assinamos embaixo.
Parabéns
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.

Lucídio disse...

Registro paalavras do grande Amadeo Carrizo: "Lembro mais do gols que fizeram em mim, do que das bolas que agarrei". Obrigado a todos e parabéns ao compenheiro Carlso Henrique pela homenagem ao Goleiro no post anterior.

Ricardo Antônio disse...

Bom dia, Valdir!
Com este post e os comentários, só posso dizer que Lucídio José, Saulo Adami e Adalberto Day me deixaram ansioso pela chegada do meu exemplar! Não vejo a hora de devorar o livro! Grande abraço e bom feriado!