domingo, 26 de fevereiro de 2012

Albeneir

Foto de Flávio Neves

O craque Albeneir
Em 1987, o clima no estádio Orlando Scarpelli era tranquilo. Uma hora antes do jogo entre o Figueira e o Blumenau E.C, rodada do campeonato catarinense, a Rádio Guararema já estava nos bastidores, representada pelo seu jovem repórter Toni Bado.
Naqueles tempos, havia uma preocupação enorme com o palavreado nas transmissões e o severo comandante da equipe da Guararema, Roberto Alves, orientava seus repórteres para que evitassem o uso de palavras de baixo calão nas entrevistas. Tarefa nada fácil, evidentemente, quando a entrevista é ao vivo.
Toni conseguiu uma exclusiva com o Albeneir, ídolo maior do Figueira, e foi logo perguntando:
-E aí matador, qual é a sua expectativa para o jogo de hoje? Dá pra prometer gols?
-Cara, tô muito bem preparado, na ponta dos cascos. E tem mais, tô com uma puta vontade de jogar e balançar as redes do BEC.
Toni tentou salvar a situação, temendo uma possível bronca do chefe, cortando para o narrador Miguel Livramento:
-Miguel, você ouviu o Albeneir?  O homem está com uma bruta vontade de ir para as redes do Blumenau.
Miguel, ligeiro como ele só:
-Claro que ouvi, Toni! Se ele está com uma bruta vontade, tenho até dó do BEC.
Albeneir que estava com o fone de ouvido pegou o microfone das mãos do Toni, e na sua santa ingenuidade, piorou tudo:
-Vocês entenderam tudo errado. O que eu falei é que estou com uma puta vontade de fazer gols. Foi isso que eu falei.
A gargalhada correu solta na transmissão e na segunda-feira sobrou uma reprimenda do chefe ao jovem repórter.

O centroavante Albeneir, jogou pelo Figueirense na década de 80. É o 3º maior artilheiro da história do clube. Jogou por vários clubes brasileiros, chegou a ser convocado para a seleção brasileira e encerrou a carreira no arquirrival Avaí, no ano de 1993.

(Crônica baseada nas Memórias de Toni Nicolas, 2012)

Um comentário:

Adalberto Day disse...

Valdir,

Estou na casa de minha filha, e consigo abrir o teu blog. Albeneir foi realmente um jogador folclórico, do futebol catarinense. Seu texto revela as qualidades e mandingas desse jogador que se tornou querido, principalmente pela torcida do Figueirense.

Abraços,
Adalberto Day
Cientista Social e pesquisador da história em Blumenau