segunda-feira, 2 de abril de 2012

CONVERSANDO COM IVAN BRONDI
Por LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA, MDM
Ivan Brondi
Bairro do Ipiranga, São Paulo. O jovem estudante de ginásio Ivan Brondi costumava bater bola no Democrático, time de várzea da zona sul da cidade. Um dia, o Democrático recebeu para jogar um time de veteranos, gente que não largava a bola por conta do vício. E porque tinha ainda muito futebol para mostrar. Ivan confessa com saudade e sem disfarçar a emoção: naquela tarde de sábado teve como adversários, entre outros monstros sagrados, Canhotinho, Rui e Noronha. Tem mais: e nada menos que o legendário Waldemar Fiúme. Os três primeiros, da Seleção campeã do Sul-Americano de 1949; o outro, Waldemar Fiúme, eternizado com um busto depois que parou de jogar, hoje ao lado dos de Ademir da Guia, Junqueira e Marcos, ícones no Parque Antárctica.
Antes de São Paulo e do Palmeiras, o futebol em Santa Cruz do Rio Pardo, a terra natal. Corria o ano de 1956. Ainda garoto, conta Ivan, estava em campo na tarde em que o Santacruzense recebeu no Estádio Leônidas Camarinha a visita do Palmeiras para um amistoso no aniversário da cidade. No time da capital, Waldemar Fiúme e Valdemar Carabina. O destino de Ivan estava se desenhando. Um dia seria jogador do Palmeiras.
Pelo futebol que sabia jogar, Ivan trocou Santa Cruz do Rio Pardo por Ribeirão Preto. O Santacruzense pelo Botafogo. Também porque Ribeirão oferecia melhores condições para prosseguir nos estudos. Conversa vai, conversa vem, Ivan lembra um amistoso do qual participou com a camisa do time que revelaria mais adiante outro doutor craque de bola, o Dr. Sócrates. O amistoso foi contra o Tupã, das divisões debaixo do futebol paulista. Tupã havia entrado na conversa por conta de minhas ligações afetivas com a cidade que lhe empresta o nome. E por ter recordado, no papo com Ivan, do histórico jogo do Vasco da Gama naquela cidade em 1956, quando Ademir jogou um tempo por seu time e o outro pelo Tupã Esporte Clube. Homenagem à cidade em dia de festa.
Mais conversa e mais lembranças: Ivan recorda que em 1960 foi convocado pela dupla Vicente Feola e Antoninho para compor o grupo que iria às Olimpíadas de Roma. Ele não diz, mas foi convocado pelo futebol que vinha jogando. Não chegou a participar porém dos Jogos. Foi a Roma, viu o papa mas não jogou. Os donos do meio-campo eram Roberto Dias e o canhotinha Gérson. Cruel concorrência. O Brasil, depois de golear a Grã-Betranha (4x3) e a seleção de Formosa (5x0), parou diante da Itália, derrotado por 3x1. De todo modo, ainda na fase de preparação no Brasil, Ivan teve a chance de participar na cidade de Volta Redonda, onde se encontrava concentrado o grupo, de um jogo-treino contra um time da cidade de Entre Rios. E no time da cidade vizinha, como enxertos, ligados à comissão técnica, dois monstros sagrados do futebol brasileiro: Ademir Menezes e Zizinho. Ponto no currículo de Ivan Brondi de Carvalho: quem, ainda vivo, para dizer que um dia jogou contra Ademir e Zizinho num mesmo bate-bola?
Depois do Palmeiras, o Náutico, o Recife e a odontologia na vida de Ivan. Capitão e atleta-símbolo do time Hexacampeão. Doutor e mestre na profissão. Mas essa é outra história por demais conhecida. Dispensa comentário. Ainda que muito antes anunciada.

2 comentários:

Adalberto Day disse...

Valdir e LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA
CONVERSANDO COM IVAN BRONDI
Mais uma crônica espetacular que da gosto de ler.
Que seleção de craques, isso não é para qualquer um.
Parabéns ao Valdir pela postagem, e parabéns ao Lucidio por nos relatar essa conversa com o Brondi
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau

Ivan Xavier da Silva disse...

Meu amigo, espetacular esta reportagem c/ Ivan Brondi, quando jogava no América (Recife) tive muitos contatos com ele, o América treinava nos Aflitos, a uns dez anos atrás fomos jogar contra eles Master, Paratibe Paulista campo deles, Ivan Brondi, Salomão, Beliato, Sidcley, Lala, Gerailton, Nino e outras feras, Natal, Ivan Xavier, Alberi, Marcos Pintado e outros, deram uma recepção de primeira qualidade, até hoje estamos devendo a volta, coisa de futebol, o Ivan é um cara espetacular, um dia você sabe porquer não teve a volta, abraço.
Ivan Xavier da Silva, Natal RN