Por Victor Kingma
No
início dos anos 60, ter um aparelho de TV em casa era um privilégio apenas para
as famílias mais abastadas. Assistir a um bom filme no cinema, então, era um
dos principais divertimentos, não só para a criançada, nas matinês, mas, também
para os adultos, nas sessões noturnas.
O
cinema vivia o seu auge e enormes filas se formavam nos dias de exibição dos
grandes filmes. Seja pelos apreciadores de épicos, como “El Cid” ou “Os Dez
Mandamentos”, de aventuras como “Tarzan, o Rei das Selvas”, um bom faroeste,
nos moldes de “Duelo de Titãs” ou “Sete Homens e Um Destino”, e até uma boa
comédia nacional, com o inesquecível Mazzaropi.
Naquela
época, as sessões de cinema apresentavam ainda uma atração a mais: a exibição,
antes dos filmes, do cine-jornal Canal 100. Fundado em 1957, por Carlos
Niemeyer, o documentário sempre apresentava um resumo dos acontecimentos
importantes da semana, que podia ser a inauguração de Brasília, a nova capital,
em 1960, pelo presidente Juscelino Kubitscheck, a renúncia do presidente Jânio
Quadros, em 1961, ou as conquistas do campeão Éder Jofre, o Galo de Ouro, no
Boxe.
Entretanto,
para os apaixonados por futebol, como eu, o auge do canal 100 acontecia no
final, quando eram apresentados os lances do principal jogo da semana. A molecada vibrava quando o slogan do futebol
aparecia na tela, acompanhado da trilha sonora marcante que eternizou a música
“Na Cadência do Samba”, do compositor Luiz bandeira e seus versos iniciais “Que
bonito é”. Com sua voz grave, o locutor
Cid Moreira, na época em início de carreira, era o narrador oficial.
Quando
o Flamengo conquistava algum título a filmagem era ainda mais completa e
vibrante, devido à grande paixão do produtor Carlos Niemeyer pelo
rubro-negro.
Lembro-me
bem de que, muitas vezes, eu e tantos outros amigos dos bairros Alto dos Passos
e São Mateus, em Juiz de Fora, MG, onde morei naquela época, íamos ao cinema não
pelo filme que estava passando mas pelo jogo que seria exibido pelo
documentário. Todos que freqüentavam os
cinemas daquela época, com certeza, guardam grandes lembranças dos tempos
saudosos e marcantes do Canal 100.
Victor Kingma
– www.historiasdofutebol.com.br
Um comentário:
Valdir
Excelente o texto Victor Kingma.
O Cinema era para nós nos anos 60 uma maravilha.
Além de belos clássicos, eu ia já com vontade de ver o Canal 100 – esperando sempre grandes lances duelos principalmente do meu Vascão.
Carlos Niemeyer, apresentava o documentário sempre um resumo dos acontecimentos da semana, era sensacional.
Mas a hora que mais eu esperava era do canal 100 acontecia no final, quando eram apresentados os lances do principal jogo da semana. Ele passava mais do Flamengo e foi explicado aqui o porque.
Parabéns pela bela postagem
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.
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