quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Julinho, o cabeceador.
Ninguém jamais cabeceou como ele. Era só levantar a bola na área e sair pro abraço. Julinho se colocava muito bem, antecipava ou subia mais alto do que os zagueiros, e sempre mandava a bola inapelavelmente para o fundo das redes do arco adversário.
Depois de jogar pelo Carlos Renaux com muito sucesso, veio para o Paysandú.
Em 1956, o jogo de domingo pelo campeonato catarinense seria contra o Estiva E.C, time dos funcionários do porto de Itajaí.
O presidente, Polaco, fez um comentário que desagradou os jogadores, principalmente Julinho.
“Só espero que vocês não percam para este time de cabeças de bagre”.
Julinho que não era de contar prosa fez um desafio:
“Amanhã eu vou fazer 5 neste time”.
Polaco aceitou o desafio e contrapropôs:
“Se tu fizeres 5 eu te dou um cavalo de presente”. Polaco tinha um haras em Canelinha.
O Paysandú fez 5 a 1 e Julinho fez os 5.
No último, o goleiro do Estiva saiu do gol para cortar um cruzamento com os pés, na entrada da grande área, a bola sobrou limpa pro Julinho que arrematou do meio do
campo, para jogar nas redes: goleiro com bola e tudo.
Polaco pagou a promessa com um pangaré que só servia para puxar carrocinha de leiteiro.
O cavalo acabou sendo trocado por um puro alazão do dirigente Nelson Olinger que estava procurando um cavalo de olhos amendoados, próprio para puxar charrete.
Este sim, fez a alegria do Julinho que gostava de montar em pelo.
Na foto de Érico Zendrom: Teixeirinha, Julinho e Otávio Bologmini (C.A.Carlos Renaux)

2 comentários:

Adalberto Day disse...

Valdir
Cheguei a ver o Julino pelo Paysandú. Ele era mestre, era bom cabeceador. O Julinho foi fera. Seu relato é perfeito, jogador que faz muitos gols de cabeça, é por saber como se posicionar, dar o bote certo, digo isso pois fiz muitos gols de cabeça. Quando hoje conversamos sobre futebol a primeira coisa que meus amigos dizem: o “Beto fazia muitos gols de cabeça”. Isso é importante porém pode dar a impressão que só fazia gols de cabeça, quando não foi a realidade. Fiz gols e muitos de faltas e pênaltis. Também de todas as maneiras, mas a marca fica registrada. E assim também ficou registrada em nossa memória os gols de Julinho. Mas ele era craque e fazia gols de todas as maneiras. Por aqui no Amazonas E.C. nos anos 60 e inicio de 60 tinha jogador chamado Filipinho, ele fazia muitos gols de bicicleta, e é lembrado por isso. Porém era veloz, chutava forte e driblava muito bem.
Mais uma surpreendente postagem de tantos contos de nosso futebol.
Parabéns Valdir.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.

Regina Carvalho disse...

Só pra deixar um abraço!