quarta-feira, 9 de março de 2011

Ely, um Rubro-Negro
Por ROBERTO VIEIRA
Um dos fatos pitorescos, e trágicos, do mundo do futebol, é o esquecimento ritual e sumário de grandes ídolos na memória popular. Um dia o sujeito é santo milagreiro, símbolo da raça do povo; no dia seguinte é escamoteado da história, mercê de alguma palavra nos livros de história, rodapé da análise finita do pesquisador.
Há vinte anos, no dia 9 de março de 1991, falecia dos maiores símbolos da glória rubro-negra: Ely do Amparo. Campeão sul-americano de clubes em 1948 com o Vasco da Gama e campeão sul-americano de seleções em 1949, Ely do Amparo foi vice-campeão da Copa do Mundo de 1950, além de campeão panamericano em 1952 com o escrete de Zezé Moreira.
Foi esse xerifão, com quase dois metros de altura, que o presidente Adelmar Costa Carvalho trouxe para dar o título do cinquentenário estadual ao Sport. Ao lado do excepcional arqueiro Osvaldo Baliza, num time recheado de craques como Traçaia, Gringo, Soca e Géo, Ely foi comandante do esquadrão que bateu o Náutico em decisão repleta de sangue, suor e lágrimas - literalmente.
Ely do Amparo terminou a decisão com a cabeça enfaixada, sangue tatuado na camisa e determinação no rosto heróico. Carregado nos ombros por Osvaldo Baliza, nome gritado pela torcida rubro-negra, eleito dos melhores no certame em artigo de Aramis Trindade.
Pouco tempo depois, Ely não aceitou as bases contratuais do Sport e foi dispensado. Não podia admitir que seu sangue e futebol não fossem reconhecidos na Ilha do Retiro. Em final de carreira, Ely aceitou receber menos no Canto do Rio, para onde se retirou até pendurar as chuteiras ao lado de outro jogador que seria ídolo em Pernambuco: Duque. A imprensa não perdoou e tascou a manchete: 'De xerife a guarda-noturno'.
Mesmo assim, apaixonado pelo Sport, recordando a passagem vitoriosa em 1955, Ely voltou para ser técnico do Leão em 1969, quando comandou o goleiro-escritor Valdir Appel, o qual guarda as mais belas palavras para descrever o treinador Amparo.
Vinte anos se passaram da despedida final do Mestre Ely do Amparo. Cinquenta e cinco anos se passaram desde que o sangue do capitão tingiu de vermelho o vermelho rubro-negro.
Pena que poucos lembrem do grande Ely do Amparo.
Ely que tinha o Sport no coração...

2 comentários:

Adalberto Day disse...

QUE SUSTO VALDIR
ELY RUBRONEGRO? TUDO BEM SPORT, PODE SER, MAS FLAMENGO NUNCA.
ELE ERA VASCAÍNO...E DOS BONS.
O GRANDE ELY. BELA POSTAGEM COMO SEMPRE
ADALBERTO DAY CIENTISTA SOCIAL E PESQUISADOR DA HISTÓRIA EM BLUMENAU

Smigo disse...

Olá Valdir, que bom conhecer histórias como as que você conta aqui.
Interessante saber que você defendeu a meta Leonina tempos atrás. Bela história sobre o Ely. Eu não conhecia, agora não o esquecerei.