sábado, 20 de setembro de 2008


Túlio Velho Barreto, na companhia do grande Rinaldo, da Seleção Brasileira, campeão pelo Náutico em 1963, início do Hexa (Foto de Antônio de Pádua, da Fundação Joaquim Nabuco).
O Náutico nas lembranças de um apaixonado torcedor
Por Túlio Velho Barreto
Em 1992, o escritor e roteirista de cinema inglês Nick Hornby publicou suas lembranças de fervoroso torcedor do Arsenal londrino. O livro Fever Pitch, lançado no Brasil como Febre de Bola, conta suas aventuras e desventuras de garoto, adolescente e adulto atrás de suas duas maiores paixões: o futebol e o Arsenal. O delicioso livro de Hornby começa com o primeiro jogo que ele assistiu, ao lado do pai, em 1968 - que data emblemática!; segue com os momentos em que Hornby se apaixona pelo Arsenal, apesar do enorme jejum de títulos do Clube naqueles anos; e vai até 1991, exatamente quando o time voltou a vencer. Como isso aconteceu? Ora, ele próprio conta: “Eu me apaixonei pelo futebol, como mais tarde viria a me apaixonar pelas mulheres: súbita, inexplicável, incriticavelmente, sem pensar na dor ou nas perturbações que isso me traria”. Pois é... Já o autor do livro O Náutico, a Bola e as Lembranças, que agora chega à segunda edição, o médico e escritor Lucídio José de Oliveira, assim como Hornby, também descobriu sua paixão pelo futebol aos 10 anos, quando foi levado para uma rápida - e inesquecível - visita ao Estádio dos Aflitos, ainda em construção. Mas, diferentemente do inglês, Lucídio José assistiu sozinho, aos 16 anos, por livre e espontânea vontade, pela primeira vez a uma partida do time pelo qual já se apaixonara. Assim, cresceu e tornou-se adulto acompanhando duas ou três gerações de inesquecíveis craques que levaram o Náutico ao tricampeonato de 1951-53, aos títulos de 1955 e 60 e, finalmente, ao hexa estadual de 1963-68. E aos títulos e conquistas que se seguiram, inclusive regionais e nacionais, e ao pioneirismo estadual de atuar no exterior e disputar uma Libertadores da América.Certa vez, durante um seminário organizado pelo Núcleo de Sociologia do Futebol, da UFPE e Fundação Joaquim Nabuco, refletindo sobre o que leva alguém a se apaixonar por um clube de futebol, Lucídio José confidenciou: “O mistério da paixão pelo futebol está longe de ser devidamente explicado em todos os seus aspectos. A paixão pelo Náutico surgiu em mim bem antes de ver o time jogar pela primeira vez, como é comum encontrar nas histórias contadas por fiéis torcedores”E nos contou como aconteceu: “A lembrança mais remota de que algo de novo andava ocupando um lugar no meu coração juvenil data de 1942, na infância, no município do Bonito. Aconteceu de repente, sem nenhum aviso prévio. Um dia, ao acordar cedo de manhã, me dei conta que estava torcendo pelo Náutico. Na hora de ir para a escola, a ansiosa procura pelo jornal do dia anterior, que só chegava à noite. Queria saber o resultado do jogo realizado dois dias antes. Ali estava a manchete redentora: Náutico 4 x 0 Great Western. A ansiedade substituída pela alegria da vitória e a liderança assegurada. Já não restava nenhuma dúvida: estava mesmo caído de paixão pelo Náutico”. A primeira edição do livro O Náutico, a Bola e as Lembranças saiu em 1988, quando o Hexa completava 20 anos. E logo virou item de colecionador e objeto de desejo de torcedores alvirrubros, como eu. Então, nada mais justo que relançá-lo no ano em que se comemora o 40º aniversário da memorável conquista do seu – do nosso – Náutico. No meu caso, tenho um exemplar autografado pelos heróis de 1968, inclusive Bita, Clóvis e Fraga, este recentemente falecido, que compuseram ao lado de Lula, Gena, Mauro, Salomão, Ivan, Nado, Nino e Lala meu eterno time dos sonhos. Levei 15 anos para conseguir o meu exemplar, que, hoje, ocupa lugar de honra em minha biblioteca de pesquisador e em meu coração de alvirrubro. Agora, com a reedição do livro, novas gerações de pesquisadores e de torcedores terão acesso à obra-prima de Lucídio José, que é, sem dúvida alguma, o mais completo memorialista dos clubes pernambucanos. O melhor é que a nova edição traz mais lembranças do nosso já centenário Náutico, inclusive dos títulos de 1989, 2001-02 e 2004, e do heróico retorno à Série A do Campeonato Brasileiro. Tudo contado com paixão e apoiado em fatos e fotos históricos de uma bela e única história: a do Clube Náutico Capibaribe.

Túlio Velho Barreto é cientista político e pesquisador social – e, claro, torcedor do Náutico

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande Túlio Velho Barreto
Valdir o livro deve ser sensacional como é sua reportagem. Mas o que me fez dar uma de saudosismo. Nado, grande Nado, um dos melhores ponta direita que este Brasil já viu jogar....e também jogou no meu Vascão...talvez se não existisse o Garrincha...o Nado seria o maior. E o Rinaldo, grande ponta também naquele timaço do Palmeiras.
Um abraço e parabéns pela sua dedicação.
Adalberto Day de Blumenau

Ricardo Antônio disse...

Bom dia Valdir!
Lendo o comentário anterior (do Adalberto) me deu vontade de saber mais sobre o Nado. Você tem algum link para indicar?! Abraço, Ricardo Antônio.
Ah, o teu livro já está chegando pra mim. Assim que ler, te mandarei um e-mail.

Anônimo disse...

Ricardo.
No blog do Roberto e do Lenivaldo Aragão, que eu indico em links para outros sites, voce irá encontrar textos falando sobre o Nado, com certeza.
No meu blog, o texto:
Um ponta arretado, é dedicado ao baixinho.
Abraço,
Valdir