segunda-feira, 25 de março de 2013

Espanta Neném

Espanta Neném
O noivo
No grupo heterogêneo do Voltaço, dois jogadores se destacavam por uma particularidade, estavam noivos: Aloísio e Paulo César, este conhecido e tratado carinhosamente de Espanta Neném.
Ponta-esquerda veloz e habilidoso, oriundo do América, do Rio, que aceitava bem as brincadeiras relacionadas com a sua aparência. Perto dele, Ronaldinho Gaúcho é um Brad Pitt!
O torneio que disputávamos no nordeste já ultrapassara os 30 dias e os dois estavam morrendo de saudade de suas noivas. Na véspera do retorno ao Rio, foram a um salão de beleza da capital baiana para dar um trato geral.
Aloíso fez a barba e cortou o cabelo.
Espanta aparou seus cabelos black, o bigode rasga fronha e fez limpeza de pele. No hotel, preparou a melhor roupa; deu um verniz na capanga (tradicional tiracolo, estilo Woodstock), no cinto largo, e na botinha.
No Aeroporto do Galeão, esposas, namoradas, noivas aguardavam ansiosas os seus respectivos pares. Quando (finalmente!) a porta da sala de desembarque do aeroporto se abriu, a noiva do Espanta, moça bonita e muito gentil, antes de abraçá-lo disse, carinhosamente:
“Pôxa, PC! Como você está bonito!”.
E o Espanta respondeu:
“Ó! Sacanagem, não! Vai pra “ponte que te partiu!”
Ou quase isso.

O gato
A maioria dos jogadores em regime de concentração gosta de dormir na madrugada e acordar tarde.
Espanta Neném, o nosso Paulo César, era uma exceção. Dormia extremamente cedo.
Certa noite, pouco antes do ponta-esquerda se recolher, por volta das 8 horas, Acilino sorrateiramente colocou entre as cobertas do colega um gato vadio que recolhera nas vizinhanças.
PC se deitou e já estava quase dormindo quando sentiu algo se mexer debaixo dos lençóis. O susto, seguido de um grito de pânico, foi quase tão alto quanto o miado de pavor do gato.
O pessoal jura que o gato, recolhido às pressas a um pet shop, ficou traumatizado. Também pudera, jamais havia visto tanta feiúra.
Difícil foi convencer Paulo César a perdoar o colega Acilino. PC queria de todas as maneiras que os dirigentes do Voltaço, desligassem o centroavante pela sacanagem.

(Volta Redonda, 1976).
Publicado no livro Na Boca do Gol

12 comentários:

Adalberto Day disse...

Valdir
Mais um belo conto de suas andanças por esse Brasil varonil. Não é só no Vasco que voc~e possui belas histórias a nos narrar, mas em todos os clubes que você passou, como essa do Voltaço. Desafio escreva uma na passagem por Blumenau,
Abraços
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau

Mauro disse...

Sao deliciosos de ler esses causos. Que folcorica a figura do PC Espanta Nenem.

Me lembro que, antes de ir para o America, ele fez parte de um excelente time juvenil do Madureira, que chegou a ser campeao carioca em 1973 ou 74. Mas so' foi ganhar o apelido no America.

Osvaldo disse...

Amigo Valdir;

Como devo fazer pra comprar o livro "Na Boca do gol"...

Essas estórias são maravilhosas e acredito que o livro nos mantém despertos durante toda a leitura.

Um abraço, Valdir

Osvaldo

VAldir Appel disse...

Osvaldo,
Posso te enviar, me mande endereço. Comprar nos sites disponiveis dá trabalho.
Abraçoamigo,
Valdir

Osvaldo disse...

Amigo Valdir;

Como não consigo obter o seu endereço e-mail, gostaria se possivel, que você me enviasse o mesmo para o meu que é;

obribster@gmail.com

para que eu lhe envie meu endereço e a forma de pagamento do livro.

Um grande abraço,
Osvaldo

Valdir Appel disse...

Fala, Valdir

Muito boa essa historinha do nosso querido amigo PC. Ele é uma figuraça. Rapaz muito simples - o que prejudicou muito sua carreira, com certeza -
mas jogava um bolão. Era muito bom mesmo e um cara super legal. Lembro que o pessoal do meu tempo dava muita força a ele, por seu jeitão humilde,
muito simpático. Começou no Madureira, lembro bem disso, e se destacou num torneio inicio que o tricolor suburbano ganhou, no Maracanã.
Depois foi para o América, onde mantivemos um contato muito bom. Nunca mais o vi. Perdi o contato com ele. Será que casou com a tal moça, que achava
ele bonitinho ?. Também lembro dele no Voltaço. O Aloisio, ou "Canelinha", como era chamado no Flamengo, é advogado, andou trabalhando no Sindicato
dos Jogadores, depois sumiu. Vez por outra o encontro. Enfim, o seu blog me dá esse prazer de retornar no tempo. Muito bom. Outro cara muito legal é
o Acilino. Sempre encontro com ele numa pelada, toda quinta-feira.

Grande abraço
Iata

Valdir Appel disse...

Iata,
O PC casou com a moça bonita, que infelizmente faleceu. É funcionário da Santa Ursula. Continua o mesmo, fininho e batendo um bolão. Agora que estamos mais velhos, ele nos parece mais bonito. O Aloísio continua advogando e com o mesmo mau humor de sempre. O canhão Acilino é meu irmão de fé e o cara que você conhece. Um ser humano fantastico. Abraço.

Dilton disse...

Eu não sabia que o cara de sonso do Acilino era tão sacana. Segundo me consta o espanta Neném só namorava mulher bonita.
Dilton

Alexandre Porto disse...

Valdir, vc não tem nada sobre a nossa frustração de ver tão pouco a dupla de ataque Roberto e Tostão?

Essa dupla, não fosse a aposentadoria precoce do mineirinho, mudaria a história do futebol carioca nos anos 70.

Unknown disse...

Ola o Espanta Neném é meu sogro ele se encontra bem não tem jogando mais bola devido um problema no joelho qualquer mais informação meu e-mail é marco-julyana@hotmail.com

Ze Neto Marcos disse...

Paulo César,que começou no Madureira jogou no ferroviario de fortaleza,era conhecido no FERRIM como paulo cesar feio.

Unknown disse...

Paulo César está vivo morando no Rio de Janeiro viúvo com a filha. Face Monica Castro nome dela filha dele