sábado, 5 de janeiro de 2013

Menor que meu sonho/não posso ser
Eu praticamente nasci goleiro, jamais tentei outra posição, sobretudo por amar ficar naquelas balizas do campo do Paysandú todas as tardes, com sol ou chuva, atirando-me ao solo para defender as bolas chutadas pelos colegas da Rua Pedro Werner. 
Eu não podia ser menor que meu sonho, como o poeta Lindolf Bell* escreveu. Acreditava que meu destino era jogar em uma grande equipe do futebol brasileiro. Aos 15 anos, já envergava a camisa titular dos profissionais do meu verde e branco, e aos 16 anos era um profissional contratado pelo Clube Atlético Carlos Renaux. O tricolor montou uma máquina de jogar bola e eu era um guri no meio das feras. Substituí Mosimann, o goleiro que se eternizou como o melhor de sua geração.
Em casa, eu tentava ser convincente, externando minha vontade de seguir carreira. Minha mãe, talvez por não querer perder o filho para a bola, tentava me desiludir, dizendo que meu lugar era em Brusque, junto da família, dos amigos, trabalhando e assegurando um futuro estável. Eu repetia sempre a mesma frase: “A senhora ainda vai me ver jogar no Maracanã!”.
Meu pai, mais cauteloso, aconselhava a esperar o momento certo de partir em busca do meu sonho. Quanto às propostas regionais, ele sabiamente sugeria que eu descartasse, argumentando que a simples mudança de um clube para outro que disputava a mesma competição não me daria projeção. E ele estava certo: jogar no Clube Esportivo Paysandú ou no Figueirense tinha o mesmo peso.
Logo após completar 19 anos, eu estreava nos aspirantes do América do Rio, jogando contra o Botafogo, meu time de coração. Era 7 de setembro de 1965, vencemos por 1 a 0. Minha mãe ouviu no rádio que o seu filho cumprira a promessa.

Menor que meu sonho / não posso ser”, escreve Lindolf Bell nos primeiros versos do Poema do Andarilho, dedicado à Nélida Pinõn. Publicado no livro O Código das Águas (São Paulo: Global Editoral, 1984), páginas 96 a 104.

13 comentários:

Adalberto Day disse...

Valdir
A começar pelo titulo “Menor que meu Sonho....não posso ser”. A postagem é fantástica.
Goleiro já por tradição, por “DNA”. Já conheci atuando pelo Paysandu, colecionava as figurinhas do Álbum Teixeirinha o craque eterno, e depois pelo Carlos Renaux.
Substituir Mosimann, o goleiro que se eternizou como o melhor de sua geração, foi um fato que sempre a história irá reverenciar. “quem substituiu o grande Goleiro.”? Foi um menino, que até então era conhecido como “Chiquinho” que logo iria brilhar nos estádios do Brasil, principalmente São Januario e Maracanã. Prometeu a sua mãe e assim realizou, jogou e foi campeão no Maracanã em 1970 pelo nosso Vascão.
Parabéns Valdir
Abraços Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau

Manoel disse...

Bom dia!

Grande Companheiro, mais uma vez PARÁBENS é de arrepiar!

Abraços,

Neto

BLOG DO ROBERTO VIEIRA disse...

Você não devia jogar com a camisa 1, Mestre Valdir! Sua camisa é a 10!! Tomei a liberdade de postar o texto lá no Blog...

Mauro disse...

Lindo texto de uma pessoa admiravel, tanto como ser humano quanto como goleiro. Bravo!

Abracos,

Mauro

Jaques Hercilio Rosa disse...

Olha amigo Valdir, se você aceitar elogio de flamenguista, la vai um:
Simplismente Fantastico . Parabéns!!!

Anônimo disse...

Grande VALDIR, saudades de alguem que nunca te conheceu cara! vc é 10! ah o alecrim tá fechando parceria com o santos fc, meninos do nordeste, vamos torcer que dê certo, to sempre lendo seu blog, apesar d comentar pouco..um abraço, Genildo Oliveira/Mossoro Rn

ítalo puccini disse...

fantástico, sim. faço coro aos outros comentários.

vida de goleiro é vida dura! porém especial em sua individualidade e importância.

meu avô, puccini, foi goleiro bicampeão estadual pelo caxias, de jlle, na década de 50. muito orgulho tenho dele!

grande abraço!

Iata disse...

Amigo Valdir

Excelente, com sempre, seu blog e suas histórias. O que me chamou a atenção foi essa sua defesa, na foto maior.
Uma "ponte" sensacional, no melhor estilo Castilho. Não sabia que você torce pelo Botafogo. Mais uma qualidade,
reconheço, embora rubro-negro. Grande abraço. Iata Anderson

Fabio disse...

Sr. Valdir,
Bom dia.
Muito obrigado, mais uma vez pelas noticias.
Faco pouco contato com o senhor, admito, mas estou sempre sintonizado com o seu blog.
Adoro as fotos, revejo pessoas que nao vejo ha um tempo e outras que so conheci depois que pararam de atuar.
Vi na foto do America de Natal o Queiroz e acredito que seja o mesmo que tenha atuado pelo Botafogo e pelo extinto Colorado (PR)... Hoje tenho contato com ele, via email. E amigo do meu pai. Mora aqui no Rio, inclusive. O Fred, com quem o senhor jogou no VRFC, trabalha hoje na Tailandia... E por ai vai...
Ah... A proposito: meu pai esta com um blog bem interessante, que e www.blogdodenimenezes.com e sempre que o senhor tiver alguma novidade, por favor, nao deixe de mandar para ele.
O Papo Esportivo continua la, firme e forte, e a coluna que assino idem.
Estamos ao seu dispor.
Um grande abraco, fique com Deus, e otima sequencia de semana.

Fabio.

Valdir Appel disse...

Amigos,
Confesso que fiquei emocionado com as mensagens de carinho postadas por vocês. Agradeço a todos.
Tô devagar com os posts.
Meu tempo está comprometido com o trabalho na empresa, e as horas vagas dedicadas ao processo de seleção das imagens que irão para o novo livro, criação da capa, e a finalização de uma revista em quadrinhos que pretendo distribuir para a garotada.
Vocês ficarão surpresos com o Gibi, com certeza!
Portanto, tenham paciência.
Em breve novos textos e fotos inéditas irão colorir o pedaço, para alegria dos saudosistas de plantão.
Grande abraço.

Alexandre Porto disse...

Será que algum poderia identificar esse jogador do Vasco?

O goleiro, do Bangu, parece ser o Rossi, a confirmar.

Alexandre Porto disse...

faltou o link da foto

http://www.diarioweb.com.br/noticias/imagensnoticias/Flashbola_Roni8_sub56201.jpg

Valdir Appel disse...

Alê,
Otimo texto sobre a minha estréia no Vasco. A derrota para o Bonsucesso, quebrou minha série invicta com os aspirantes.Quarta feira, no meio de tanto alvoroço e clima tenso, empatamos com o Flu, 1 a 1, e fui o melhor jogador da partida. Para alegria do meu pai que viu as duas partidas.Abraço. Fico devendo outros assuntos para breve.