segunda-feira, 30 de abril de 2012

Santo Oswaldo




Santo Oswaldo

O
s irmãos Oswaldo e Herbert praticavam várias modalidades esportivas, na Sociedade Esportiva Bandeirante. Eram destaques no atletismo, na ginástica de aparelhos e no voleibol. 
No handebol de campo, atuavam como goleiros e se revezavam no arco titular do clube, dando verdadeiros espetáculos de eficiência e técnica nos jogos do time da colina
brusquense.                                                                                                                                       Herbert causava sensação com os seus vôos espetaculares e Oswaldo com sua discrição e segurança.                
No futebol de campo, a carreira de Oswaldo decolou aos 19 anos, quando o então goleiro titular do Paysandú, Schmitt, que era extremamente corajoso, teve uma séria contusão. Schmitt, que não titubeava em se atirar aos pés dos adversários para praticar uma defesa, como conseqüência teve um olho deslocado ao ser atingido pelo joelho de um atacante.                                      
Oswaldo aproveitou a oportunidade para fazer história no arco do time da rua Pedro Werner.No seu primeiro clássico contra o tricolor Carlos Renaux, levou uma goleada: seis gols. Decepcionante estréia, e também sua única derrota contundente.                                                                                                                                
Um bonezinho verde militar ganho numa festa de igreja, na roda da fortuna, passou a ser parte da sua indumentária de jogo e a encher de terror a torcida adversária.
Bastava Oswaldo entrar em campo com o bonezinho para os atleticanos preconizarem um mau resultado nas tardes de domingo. Os torcedores do carrenô tremiam na base, quando o arqueiro pisava o gramado, trazendo atrás de si extraordinários jogadores como Chico, Heinz, Wilimar e tantos cobras alvi-verdes.
A semana que precedia o clássico, era motivo para acaloradas discussões dos torcedores nas fábricas onde a maioria trabalhava. E a semana pós-clássico era preenchida com animadas conversas, detalhando jogadas, gols, e elogios aos melhores em campo.
As famílias iam inteiras ao estádio, trajando suas melhores roupas domingueiras. Os homens não dispensavam os chapéus, ternos e gravatas e os indefectíveis suspensórios, e as mulheres exibiam penteados, saias rodadas de poá e suas  sombrinhas, que as abrigavam do sol e as tornavam ainda mais elegantes.
Um clássico ficou gravado na memória do grande goleiro. O Carlos Renaux queria a vitória a qualquer custo e os seus dirigentes não hesitaram em mandar a passagem para trazer o grande Hélio Olinger, que estava no Rio defendendo o Fluminense. Com ele em campo, os tricolores davam como certa a vitória.
O estádio Cônsul Carlos Renaux ficou apinhado de gente.
No final da primeira etapa, Olinger ficou livre na marca penal, cara a cara com Oswaldo, e disparou alto no ângulo superior da meta do mais querido. Oswaldo, com um salto magistral, mostrando toda sua elasticidade, voou para buscar a pelota, que trouxe junto ao peito, aterrissando macio no canto esquerdo do seu arco.
Os paysanduanos explodiram de alegria, para desconsolo dos tricolores.
Um torcedor invadiu o gramado, interrompendo o jogo por alguns instantes, para abraçar Oswaldo, e erguê-lo, mostrando-o para a torcida, que jogava chapéus e sombrinhas para o alto, comemorando a defesa como se fosse o final do jogo e uma vitória.
No segundo tempo, Orion Neves marcou para o Paysandú logo no inicio, decretando o triunfo verde e branco.
Olinger voltou para o Rio derrotado, e o goleiro do Paysandu ganhava definitivamente o apelido de Santo Oswaldo. Alcunha que o acompanharia até o fim da sua carreira, por sempre fechar o gol e praticar verdadeiros milagres contra o seu arqui-rival inimigo.

Glossário: Carrenô – Carlos Renaux; mais querido - Paysandú

(  Este texto é dedicado ao meu pai, Herbert(in memorian) e ao meu tio Oswaldo, dois grandes goleiros do meu Paysandú)

Um comentário:

Adalberto Day disse...

Valdir
Como é bom acessar seu blog e ler tantas histórias espetaculares.
Hoje aqui relatando sobre seu pai e tio Oswaldo, grandes goleiros que fizeram parte de nossa história futebolistica.
Parabéns
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau