quarta-feira, 2 de maio de 2012

Arno Mosimann

Belz, Lázaro, Arno Mosimann, Brandão, Merisio e Badinho; Vinotti, Petruscky, Schat, Teixeirinha, Pereirinha e Godeberto. Clube Atlético Carlos Renaux, 1961.






Arno Mosimann, um goleiro inesquecível.

Carlos Renaux e Paysandú ainda estão na memória dos antigos torcedores.
Sobrevivem da abnegada e incansável luta de jovens dirigentes, que não permitem que estes clubes sejam extintos.
O Clube Atlético Carlos Renaux, em breve emplaca 100 anos.
2013 tá logo aí.
Entra para o hall da fama, dos mais antigos clubes do país.
O Paysandú corre atrás, cinco anos mais jovem.
Em 1963, eu tinha apenas 16 anos.
Contrariando a vontade da família, fui emprestado ao Renaux para disputar o campeonato catarinense de profissionais.
Um paysanduense da família Appel jogar no Carrenô era algo impensável, naqueles tempos.
Mesmo assim fui, afinal seriam poucos meses e o Paysandú estava fora da competição.
Imagine o meu deslumbramento, fazer parte do elenco extraordinário de jogadores do Vovô.
Sobretudo disputar o arco com o mais perfeito goleiro do estado.
Arno Mosimann, duas vezes campeão estadual pelo Renaux, e titular da seleção catarinense.
Alto e elegante como Gilmar, do Santos F.C, o louro goleiro tricolor, jogava sem luvas e sem joelheiras.
Colocava-se extremamente bem, sem espalhafatos, e quase não caia para fazer uma defesa.
As bolas se sentiam atraídas pelas mãos seguras de Mosimann.
Quando necessário, voava como um pássaro, para aninhar bolas impossíveis, com plasticidade.
No ultimo jogo do primeiro turno do campeonato, enfrentamos o todo poderoso campeão catarinense, o Metropol de Criciúma, que monopolizou a cidade de Brusque, desfilando seus craques e cantando prosa.
Neste dia, Arno Mossimann, me entregou sua camisa e fiz a minha estreia.
Derrotamos o Metropol, aplicando no time do carvão uma sonora goleada, 4 x1.
Aliás, o Metropol fez um golzinho chorado de pênalti, assinalado pelo centroavante Nilson.
Eu não poderia ter feito uma estreia mais fantástica.
Este jogo marcava também a despedida do craque eterno, Teixeirinha, dos gramados.
Com a entrega da sua camisa, Arno Mosimann sinalizava sua vontade de parar de jogar.
Discreto, abandonava os gramados, prontificando-se a ficar na minha reserva até o término do campeonato.
Curiosamente, faria a sua despedida oficial, contra o mesmo Metropol, em Criciúma, na ultima rodada, quando pediu para jogar.
Até hoje fico imaginando o que leva um ser humano, a ser tão humilde e fugir dos holofotes, dos quais sempre foi merecedor.
Mosimam deveria ter recebido do Carlos Renaux um jogo de despedida no Estádio Augusto Bauer.
Uma homenagem inesquecivel, com casa cheia.
Perfilando os craques que marcaram a época de ouro do futebol catarinense, para bater palmas para o melhor goleiro catarinense de todos os tempos.
O destino, que sempre prega suas peças, acabou contribuindo, para que eu não possua nem uma foto nos meus arquivos com a camisa tricolor.
Os cliques do maior fotografo da cidade, Érico Zendrom, que registraram a minha estréia, sumiram, quando sua máquina Roleyflex foi mutilada em um jogo contra o Marcílho Dias, em Itajaí, na rodada seguinte.
A unica imagem disponivel é exatamente a do ultimo jogo, com Mosimann no gol.
E eu estava lá para aplaudir.

(Esta foto é de 1961. Amistoso contra o Flamengo do Rio de Janeiro)

5 comentários:

EDEMAR ANNUSECK disse...

Xico,
Como você eu tb ví esse time jogar. Nesse amistoso da foto, Lázaro do Palmeiras, Brandão do Olimpico, Godeberto do Paysandu jogaram por empréstimo com certeza. Arno Mosiman foi um dos grandes goleiros do Carlos Renaux de uma história que está chegando aos 100 anos de existência. Lá por 1956 acho, um sábado de muita chuva com o gramado mais parecendo um chiqueiro, eu moleque ainda, assisti Guarani e Carlos Renaux no Estádio da Rua 4 de Fevereiro na Itoupava Norte. Com Mosiman, Teixeirinha, Petrusky e todas as estrelas o Renaux perdeu de seis a zero. A grandee figura do jogo foi o goleiro Daniel (Daniel Santos) revelado pelo CA Tupi de Gaspar, com uma história dentro Guarani de Blumenau e encerrada no GE Olimpico. Seo Daniel que era amigo de meu pai e funcionário da Rede Viação Paraná-Santa Catarina veio para Curitiba onde faleceu há uns cinco anos ou mais.

Edemar Annuseck
São Paulo - SP

EDEMAR ANNUSECK disse...

Em tempo, não poderia esquecer,
Valdir Belz revelado pelo Paysandu, com passagem brilhante pelo Palmeiras de Blumenau.
VC deveria fazer uma matéria sobre o goleiro GAULCKE do CA Baependi de Jaraguá do Sul que em 1965 chegou a jogar emprestado pelo Guarani de Blumenau. O cara era um monstro no gol.

Edemar Annuseck
São Paulo - SP

Unknown disse...

Obrigado Edemar, revelar estas histórias de um tempo em que os times de Blumenau e Brusque dominavam o cenário catarinense, é nossa obrigação, e você é sem duvida memoria viva e grande aliado nestes resgates, grande abraço

Anônimo disse...

Parabens Valdir.
Belo texto.

Adalberto Day disse...

Valdir
Eu vi somente uma vez esse golieraço jogar. Creio em 1961 no estádio do Amazonas. O resultado não lembro, era garotinho, mas ver aquele time fantástico com Teixeirinha e & foi maravilhoso. Meu pai que era de Brusque, falava maravilhas deste arqueiro.
Muito bom você prestar essa homenagem, singela, simples,mas de grande valia.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.