sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Verbo to be 
Jogar futebol profissional numa grande equipe e estudar ao mesmo tempo não é nada fácil. Os treinos ocupam o dia inteiro, os jogos acontecem geralmente às quartas e domingos. As concentraçoes iniciam na véspera dos jogos e, se contarmos as viagens, o retorno compromete a quinta-feira também.
Espremendo bem, sobra a segunda – que é o dia do atleta, por ser a única folga genuína – e sexta-feira à tarde, véspera da concentração.
No meu segundo ano de inglês no Ibeu – Instituto Brasil Estados Unidos – eu já morava nas proximidades do colégio, que ficava na São Francisco de Xavier, próximo do Maracanã.
Considerando a minha agenda de atleta, o instituto quebrava o meu galho, permitindo que eu frequentasse as aulas na medida do possível. Assim, não era reprovado por faltas.
Tinha a obrigação de fazer as provas, claro!
Como não era muito assíduo no curso, estudava nos hotéis e na concentração.
Ao contrário dos meus colegas de cursinho que odiavam as provas orais, eu fazia de tudo para substituir as escritas pelas orais. E tinha um motivo não muito honrado. Saiba porque:
O professor que fazia a prova de recuperação nunca era o meu professor naquele semestre. Portanto, não me conhecia. Geralmente eu conduzia o diálogo:
Good morning teacher!
Good morning!
Are you fine, teacher?
I’m fine, and you? What’s your name?
Valdir Appel.
Appel? Descendent of what?
German. The last name is dutch.
Where are you born?
Brusque, SC.
What do you do Valdir?
I’m a soccer player.
Which team?
Vasco da Gama!
Vasco da Gama? Wow! Are you a Professional soccer player?
Yes!
Which position?
.Goalkeeper.
You are so young. How old are you?
Nineteen.
Since when are you playing at Vasco?
Three years.
Great, I am Flamengo, but I also find Vasco very good.
Ok, Valdir! It’s nice to meet a soccer player who studies.
Congratulations and good luck!
Thank you teacher. The pleasure was mine.
Bye!
Bye!

Depois, saía pro abraço fazendo os meus colegas morrerem de inveja das minhas notas!
Esta prática me fez passar de semestre em semestre no Rio e também no Recife durante pelo menos uns 4 anos.
O tempo me puniu.
Até hoje continuo tentando aprender o verbo to be que o senhor Arno Ristow - meu professor de inglês dos tempos do ginásio - ensinava, e repetindo the book is on the table, the book is on the table sem saber por quê.

(Deus abençoe os escritores ignorantes para que eles tenham a compaixão dos seus leitores).

Este texto é uma homenagem ao garoto Mauro Prais que estudava no Ibeu naquela época e ainda não me perdoou pelo gol contra que eu fiz no seu Vasco, estragando o seu aniversário de 12 anos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hi Valdir,
I also studied at IBEU too.
Quanto ao garoto que ainda não lhe concedeu perdão é porque le não vê a grandeza do que vc fez.
No VASCÃO, todo mundo faz gol.rsrsrsrsr
Bye, bye.
Antº Estevam

Anônimo disse...

Valdir meu irmão, vc esta melhor que o Milton Neves com uma narrativa que nós leva ao passado num piscar de olhos.

Parabéns mais uma vez e um forte abraço deste que sempre te admirou.

Barbirotto

Anônimo disse...

Ao Roberto Vieira, Adalberto Day, Mauro Praiss quu deixaram comentarios que foram excluidos - e eu não consegui recuperar - quando eu editava um texto, obrigado pelos elogios e o carinho.
Valdir