quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Dé, o Aranha
André Luis amassa cartão durante eliminação botafoguense. Botafogo 2 x 2 Estudiantes da Argentina. Maracanã, 05 de nov 08 (Agência Lance).Site Terra.

Dé, o Aranha
O atacante Dé, do Bangu, foi a melhor contratação do Vasco da Gama logo após a conquista do título carioca de 1970. O franzino e rápido artilheiro trouxe para o clube, além do seu grande futebol, a sua irreverência, bom humor e alegria, acompanhados de histórias interessantes protagonizadas por ele no clube suburbano carioca, do bicheiro Castor de Andrade.
Talvez, a história do gelo tenha marcado mais do que as outras. Jogando contra o Flamengo, teve um lampejo de gênio e sorte ao arremessar uma pedrinha de gelo em direção à bola, que estava mais para o Reyes, desviando a sua trajetória e enganando o zagueiro, que iria interceptá-la.
O drible de gelo, como ficou conhecido, fez o atacante sair na cara do goleiro, a quem driblou antes de empurrar a gorduchinha para as redes.
Contra o Vasco, aproveitou uma confusão formada na área vascaína, durante a cobrança de um escanteio, para jogar grama no rosto do goleiro Andrada, tentando tirar a sua atenção. O que conseguiu foi uma rápida e imediata reação do goleiro que partiu para cima do atacante em fuga. Dé desceu os degraus do túnel do Maracanã, puxando as grades que isolam o acesso aos vestiários, enjaulando-se por dentro, para evitar ser alcançado e apanhar do guapo argentino.
Era um exímio cavador de pênaltis, e aterrorizava os árbitros, induzindo-os freqüentemente ao erro.
Já no Vasco, jogando contra o seu ex-clube, em General Severiano, estádio do Botafogo, uma partida desinteressante, com o estádio às moscas, protagonizou outro momento hilário e inesquecível. Perdíamos o jogo por 1 a 0 e jogávamos mal. Na segunda etapa, as expulsões de Moisés e René aumentaram ainda mais as nossas dificuldades, e o segundo e terceiro gols surgiram naturalmente. Até o centroavante Silva já estava na zaga, tentando ajudar a evitar um escore acachapante.
A revolta contra a arbitragem era grande, e Dé não se conteve com a marcação de outro gol que lhe pareceu irregular e partiu para cima do árbitro, que imediatamente lhe mostrou o cartão vermelho.
“Toma pra você!”, disse o juiz Nivaldo dos Santos, erguendo o cartão vermelho para o atacante.
Dé arrancou o cartão das mãos do árbitro e tentou rasgá-lo, mas não conseguiu o intento porque o papelão vermelho estava plastificado.
Dé correu em direção aos vestiários, com o juiz no seu encalço, tentando reaver o cartão.
“Você me deu o cartão, agora é meu!”, gritava Dé.
A partida já estava 4 a 0 para o Bangu, quando o treinador banguense Paulinho de Almeida ordenou aos seus jogadores que ficassem tocando bola na intermediária, fazendo o tempo passar. Evitou assim um vexame maior ao debilitado Vasco, e principalmente pra mim, que já estava com dores nas costas de tanto me agachar para buscar a bola no fundo das redes.
Fairplay é isso!

7 comentários:

Antonio Silva disse...

Muito bom o seu blog...

Parabéns...

um abraço,

Antonio Silva

http://anacaorubronegra.blogspot.com/

Anônimo disse...

Valdir
Você é mais que demais. Só você para recordar deste jogo do Vasco e Bangu em 1971. Realmente o Dé Aranha era um grande jogador, milongueiro e aprontador. Eu lembro deste jogo é exatamente como você relata agora lemrar e comparar com o jogo de ontem onde o jogador do Botafogo arrancou o cartão amarelo do juiz foi demais. O Dé era assim mesmo, aprontava, mas jogava um bocado.
Um abraço e parabéns
Adalberto Day de Blumenau – Cientista ocial e pesquisador da História.

Anônimo disse...

Obrigado Antonio. Você é mais um na minha lista de amigos rubro-negros. Tem vascaíno enciumado. Fazer o que: quem tá na chuva é pra se queimar (do filófo Matheus do Curíntias).Abraço.

Adalberto, que seria o blogueiro sem a tua presença aqui no blog. Abraço.

Anônimo disse...

Realmente essa essa do Dé foi fantastico, e contada por vc Valdir fica realmente envolvente, se bem que, naquela época não existia tanta maldade no coração dos atleta, bem diferente de hoje no caso o jogador do botafogo, Valdir, Valeu, me sinto lisonjeado, assim como todos os seus fãs, além de ter a sua atenção, tú ainda manda comunicado das colunas, melhor pra nós, abraços, Genildo Oliveira/Mossoró RN

Anônimo disse...

Um dos primeiros jogos que eu assisti de geral no Maracana foi aquele quando o De' jogou terra nos olhos do Andrada. Foi num jogo da Taca GB de 1970, 1x0, gol do Jailson. No momento comico em que o Andrada saiu correndo atras do De', ninguem entendeu nada, so' depois a explicacao foi dada pelo radio.

Mas naquele melancolico jogo contra o Bangu pela ultima rodada do campeonato de 1971 em General Severiano em dia de semana `a noite, nem eu, que costumava ir a todos, consegui ter saco para comparecer.

Mas alem de figura impar, o De' era um craque. Nos contra-ataques, sua velocidade era tanta que Nelson Rodrigues costumava compara-lo a um "coelhinho de desenho animado". Seu defeito era se jogar na area para cavar penaltis, defeito que se torna ainda mais serio quando o jogador veste o manto cruzmaltino, pois nao e' de hoje que os juizes demonstram ma-vontade mesmo quando o penalti acontece. Esta' ai' o Wagner Diniz para comprovar.

Anônimo disse...

Em tempo, Valdir, se voce permite o chato aqui fazer uma pequena correcao, o treinador naquela partida de 1971 contra o Bangu em Gen. Severiano era o saudoso Paulo Amaral, e nao o saudoso Paulinho de Almeida.

Anônimo disse...

Mauro,
Paulinho era o treinador do Bangu. Corrigi o texto porque realmente passava esta impressão.

Outro erro corrigido: o lance do gelo aconteceu quando Dé jogava pelo Bangu e não pelo Flamengo, conforme denunciou o leitor Carlinhos Gomes.