quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Acordo ortográfico.
Tenho lido muito a respeito das mudanças ortográficas propostas e questiono os benefícios que elas podem trazer aos países de língua portuguesa, ao escritor, a compreensão do leitor, à formação do meu filho de 12 anos.
Desde que eu li a crônica do Kledir - sem Kleiton - ‘Tipo assim’, passei a entender melhor minha filha que passa horas no computador, escrevendo a uma velocidade espantosa, sem qualquer preocupação ortográfica ou gramatical.
Os vc, cd, pq, té.....que ela escreve são perfeitamente compreendidos pelos colegas virtuais, que retornam com a mesma intensidade os seus oks, tb, ab, té dp.
Hoje não vou revisar nada deste texto, tô sem tempo e de saco cheio de fazer as coisas certinhas, sempre preocupado em achar erros de português em tudo que escrevo.
Vou levar pito da minha professora Regininha, mas tudo bem.
Até porque estas mudanças propostas no acordo - tira acento, corta traço, exclui trema, etc. - me favorecem.
Nunca sei ao certo, ou é o certo? O que é certo?
Certo tá o Ziraldo que deseja a volta do primário e do ginásio, onde se aprendia a ler e escrever e gostar de ler.
Assim sobrava tempo pra criança brincar.
Ele afirma que escreve bem, sem saber o que é objeto direto ou um sujeito oculto. Provavelmente identifica o objeto direto quando alguém lhe arremessa algo, e sujeito oculto deve ser um cara escondido.
O criador do Menino Maluquinho deixa para os revisores a incumbência de revisar, ele escreve.
Na minha infância a gente estudava nos intervalos das brincadeiras.
Aprendia a tabuada decoreba e o ABC com k e y e w também.
Tinha até aula de caligrafia pra modo de escrever bonito.
O que garantia pelo menos uma profissão ao sair do ginásio: escrivão.
O colega que não tinha uma boa letra se formava em Medicina.
Não consigo entender como consegui passar no vestibular. Em História, Geografia, Português, Ciências e Matemática minha média ficava em torno de 6 e passava raspando.
Afinal, eu seguia o desejo do Ziraldo, não necessariamente na ordem que ele sugere.
Eu jogava bola, lia, jogava bola, lia e de vez em quando estudava, e depois jogava bola.
Eu só tirava dez em Educação Física, porque corria mais do que os outros, e dez em Canto Orfeônico por que fazia parte do coral do maestro Aldo Krieger. Outro dez eu conseguia em Religião, porque o pastor era um homem muito caridoso e sensível.
Aula de idiomas estrangeiros eu tinha três.
Aprendi o the book is on the table com o seu Arno. Commentalevous e asseyvous? nas aulas de francês da dona Aly Odete; e ensaiei uns dura lex sed lex - na época eram pratos duráveis, hoje seriam uns sedex? - em latim, com o professor Vertolino.
Falando a verdade.
Eu só estudava francês por causa das musas da nouvelle vague. Pra ver Milene Demongeot e a Brigitte Bardot fazerem biquinho e entender os seus Je t’aime, mon amour!
-Non, non, mon amour, aqui non!
-Mon papa veni!
Inglês para compreender o Brando e o John Waine. Marlon Brando que falava com algodão na boca, e a fala mansa e pausada do John. A voz de Marlon Brando melhorou muito depois de passar manteiga no Último Tango. Já Waine nunca mudou, por causa do hábito de mascar fumo, cultivado ao longo de cem westerns. Até a fonoaudióloga desistiu.
Estudei latim pra ver romano. Idem, nos cinemas. Onde Cleópatra, que conheceu e deu pro César, que foi morto pelo Brutus, que conheceu Marco Antonio - até tu! - que também faturou a Cleópatra, que foi engolida pela serpente.
Capisce?
Que venha a revisão ortográfica.
A minha revisora cuida disso.

9 comentários:

Anônimo disse...

Valdir
Futebol também é cultura....bela matéria, temos que nos atualizar, mas neste momento minha preocupçao não será tão grande quanto ortografia, vou esperar o novo Oficce...e ele faz para nois...ou nós hehehehehehe. Belos tempos aqueles da caligrafia.
Um abraço
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.

Anônimo disse...

Nota 10! 100! 1000! Mil[essimo gol de Valdir!

Anônimo disse...

Valeu Anônimo Lucídio.
Você é que estimula.
Grande abraço,
Valdir

Anônimo disse...

Ora, o que interessa é escrever,e escrever bem, claro, gostoso.
O resto são firulas...
ADOREI, Valdir!
bj

Anônimo disse...

Escreveu e deu o recado muitissimo bem. Nao pare nunca.

Abracos,

Mauro

BLOG DO ROBERTO VIEIRA disse...

Isso me lembra o treinador ensinando o craque a chutar... Vai ser craque na vida, Valdir! O resto? É gandula...

Anônimo disse...

Concordo com você . Depois de passar tanto tempo tentando escrever certo , hoje tento pensar certo e deixo o computador -que é burro - corrigir os acentos, os sc, os ss, os z ou s , etc.... É bom saber que não estamos sozinhos no universo .
Abraços ;
Jose Eduardo Rezende
VR/RJ

Anônimo disse...

Valdir,

Quando tenho dúvidas na escrita, ou procuro um sinônimo -será que ainda tem "ô", ou vou pro Google, que na lição que aprendi em uma palestra do Ciro "bocão" Gomes, " O GOOGLE NÃO ERRA".rsrsrsrsr

Abração.

Antº Estevam

Anônimo disse...

Olá Chiquinho, boa tarde,
Valeu kra, vc tb é jovem, escreva a linguagem dos internautas, parabens pra vc.
um abraço,
Kbça