O VELHO MESTRE
Por Victor Kingma
Final da década de 90. Assim que termina o treino coletivo naquele grande
clube, o treinador reúne os seus melhores chutadores para exercitarem cobranças
de faltas.
Toda uma infra-estrutura então é
cuidadosamente montada: barreira móvel, bolas novas, escolha do melhor ângulo
para os chutes, etc, etc. Nada faltando
para facilitar a vida dos “cobradores”.
Na beira do gramado, um senhor magro e esguio, de cabelos grisalhos,
calça jeans e tênis, a tudo observa...
Iniciadas as cobranças os chutadores
vão se revezando, e após algumas tentativas sem muito sucesso, a bola toca na
barreira e corre até a lateral do campo onde estava aquele senhor.
Este, então, levanta a bola com o bico
do tênis, faz duas embaixadas com surpreendente habilidade, a coloca debaixo do
braço e se dirige para dentro do gramado.
- Vai tentar também, seu Valdir? Brinca o treinador.
O senhor de cabelos grisalhos coloca a
pelota no local da cobrança, dá quatro passos para trás, corre vagarosamente e
toca na pelota com incrível precisão. A
bola, como se obedecendo a um comando, descreve uma meia parábola, passa por
sobre a barreira e pousa suavemente na rede...
Como se fosse uma “Folha Seca”.
E diante do olhar atônito daqueles jovens
e milionários atletas, com suas chuteiras coloridas, vai deixando lentamente o
gramado...
Da arquibancada, um velho e solitário
torcedor, como se assistisse a um vídeo tape do passado, exclama eufórico:
-
VALEU
DIDI!!!
Obs: Valdir Pereira, o grande
Didi, o inventor da “Folha Seca”, um dos maiores jogadores que o Brasil já
teve, faleceu em 12/05/2001, aos 71 anos, poucos dias após essa homenagem ser escrita.
2 comentários:
Fala Valdir, bem interessante o blog
Tenho um blog tambem e comento sobre os grandes de São Paulo, se puder faça uma visita e deixe um comentário sobre o que achou. Posto quase todos os dias
grandespaulistasfutebol.blogspot.com
Abraços
Chico
Valdir Appel será eterno "Chiquinho"para nós catarinenses.
Valdir Pereira será nosso eterno Didi, o primeiro gol do maracanã.
Jogador de classe, cabeça erguida, não se amedrontava com placar adverso. Cabeça erguida, não dava carrinho, jogava elegante sempre com muita habilidade, Bi´campeão do mundo, considerado melhor jogador da copa de 1958 - Bi-campeão mundial, campeão pelo Botafogo várias vezes...precisa dizer mais alguma coisa?
Acho que sim...Obrigado DIDI fique com DEUS,que se juntou a outros craques no céu e formar a melhor seleção do universo eterno.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.
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