QUEIXADA GENÉRICO
Por Victor Kingma
Final dos anos 40. Um combinado com
jogadores do famoso Expresso da Vitória, do Vasco, o melhor time
brasileiro da época, foi contratado para fazer um amistoso no interior
mineiro. A prefeitura local programou
uma grande festa e era anunciada, inclusive, a presença do seu astro maior,
Ademir Menezes, o Queixada.
Não se
falava em outra coisa nas esquinas e botecos do lugar. Os ingressos logo se
esgotaram e durante toda a semana a rádio local fazia chamadas constantes para
a partida, sempre dando destaque à presença na cidade do grande artilheiro do
Vasco e da seleção.
Na véspera
do jogo, entretanto, uma enorme decepção: Ademir, com uma indisposição de última hora, não chega com a delegação. A notícia logo se espalha e um
clima de frustração e revolta toma conta de todos.
O prefeito,
misto de cartola e astuta raposa da política local, era só preocupação com a repercussão negativa
do fato e com o estrago que isso poderia causar a sua candidatura à reeleição. O que fazer para resolver tamanho imbróglio?
Após
sucessivos telefonemas e reuniões com assessores, o mandatário municipal vai
até a PRB3, a emissora de rádio da
cidade, e faz um pronunciamento tranquilizador:
- Ademir
chega amanhã. Ele me garantiu que, mesmo no sacrifício, vai jogar pelo menos
alguns minutos.
Promessa
cumprida, na hora do jogo o combinado de craques entra em campo com o Queixada, o camisa 9, recebido sob calorosos
aplausos. Só que não era Ademir, o
autentico e famoso Queixada, mas, Neco Queixudo, esforçado atacante que, assim
como o grande astro vascaíno, também tinha um proeminente queixo. O prefeito
fora buscá-lo às pressas num time de uma cidade vizinha.
A astuta
solução encontrada pela raposa das urnas, colou. Afinal, televisão ainda não tinha
chegado ao Brasil e tampouco jornais e revistas existiam por aquelas bandas. Só
se ouvia falar de Ademir, o “Queixada”,
pelas transmissões do rádio. E o bravo Neco “Queixudo”, antes de ser
substituído sob forte ovação, teve seus quinze minutos de glória, atuando no
lado de Friaça, Ipojucâ, Maneca e Chico, no ataque do Expresso da Vitória, um
dos maiores da história.
E passou o
resto da vida deixando todo mundo de
queixo caído ao se vangloriar, nos
botecos da vida, de sua inimaginável e quase inacreditável façanha.
3 comentários:
Grande Queixada!
São belas histórias do nosso Vascão, hoje uma caricatura dos bons tempos.
Mas agora volta a ditadura do Eurico, pode melhorar sim, mas de que forma? sabe DEUS como.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história
É Beto, pior do que está é impossível ficar, abração.
Ola' Valdir,
A historia e' maravilhosa, mas ca' entre nos, e' verdade verdadeira, ou somente folclore?
Como disse o sujeito num filme de cowboy, quando a lenda e' maior que a pessoa, publique-se a lenda.
Um abraco,
Mauro
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